Cotidiano

Falta de estrutura é motivo para demora em atender ocorrências

Corporação tem duas viaturas na Capital e três no interior para combater grandes incêndios

Depois de serem criticados pela população pela falta de estrutura em combate a incêndios de maiores proporções em Boa Vista, como o que aconteceu na semana passada numa distribuidora no bairro Pricumã, o comandante do Corpo de Bombeiros de Roraima, coronel Cláudio Amaral, ressaltou que, assim como a Capital apresenta crescimento e demanda da infraestrutura por parte dos órgãos públicos, como transporte coletivo, fornecimento de energia e água para a população, o Corpo de Bombeiros não é diferente e precisa de infraestrutura adequada para dar melhor resposta à população.
Ele afirmou que atualmente o Corpo de Bombeiros tem apenas duas viaturas de combate a incêndio urbano na Capital, ambas com capacidade para cinco mil litros de água. Uma fica no quartel do Comando-Geral, na avenida Venezuela, no bairro Pricumã; e a outra, no quartel do bairro Cambará, na zona Oeste. Mais três viaturas estão no interior do Estado, sendo uma em Pacaraima, uma em Caracaraí e outra, em Rorainópolis.
“Precisamos de, pelo menos, mais uma viatura de combate a incêndio na Capital para ficar de reserva para uma situação de emergência, como nesse incêndio que ocorreu na distribuidora na semana passada”, disse. “E precisamos adquirir carros de grande suporte de água para reabastecer nossas viaturas e poder atender melhor à população. Mas, por enquanto, temos um cadastro de carros-pipa que são acionados a qualquer momento para auxiliar no combate a incêndios de maiores proporções e, sempre que necessário, eles serão acionados sem nenhum constrangimento”, frisou o comandante-geral.
Entre outras ações que pretende tomar, ele falou de um estudo de redirecionamento no sentido de colocar os Bombeiros nas periferias e em locais mais distantes do Centro. “Temos que diminuir o tempo de respostas do momento em que somos acionados até o local da ocorrência”, disse.
DEMORA – Outro ponto destacado pelo comandante é quanto à demora das pessoas em acionar os Bombeiros depois que o foco de incêndio é detectado. “Não temos uma bola de cristal para adivinhar onde o incêndio vai ocorrer. Temos que ser acionados pelas pessoas que, muitas vezes, ligam primeiro para o 190 (Polícia Militar), para o 192 (Samu) para depois ligar para o 193, que é o número dos Bombeiros”, frisou.
DEFICIÊNCIA – O comandante afirmou que a necessidade de se ter o suporte dos carros-pipa se dá, também, em virtude da deficiência da rede de hidrantes da Capital. “A rede de hidrantes é muito deficitária em Boa Vista e isso dificulta ainda mais o nosso trabalho”, afirmou.
Segundo o comandante, o Corpo de Bombeiros está fazendo um levantamento junto à Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caer) para revitalizar a rede de hidrantes de Boa Vista. “A Caer é a empresa responsável por fazer a rede de hidrantes na Capital e com pressão suficiente para o nosso trabalho. Mas o que presenciamos são hidrantes sem pressão para abastecer um carro, que demora uma eternidade, e por isso temos que suprir essa deficiência com os carros-pipa”, frisou. (R.R)
Carros-pipa atendem em parceria com Bombeiros  
Quanto ao questionamento da população de que os incêndios só são controlados depois que chegam os carros-pipa da Prefeitura de Boa Vista ou de particulares, o comandante do Corpo de Bombeiros, coronel Cláudio Amaral, informou que a presença desses carros faz parte de uma parceria que a instituição fez para auxiliar no combate a incêndios de maiores proporções.
Ele ressalta que a corporação só tem duas viaturas de combate a incêndio com capacidade para cinco mil litros de água cada. Quando se seca, o que acontece com 10 minutos de trabalho, em média, a viatura precisa voltar para ser reabastecida. “Esse reabastecimento demora, pois dependemos da pressão do hidrante mais próximo e isso dificulta ainda mais nosso trabalho, pois só temos dois hidrantes com pressão suficiente para abastecer a viatura”, disse. “É neste momento que os carros-pipa entram em ação e reabastecem nossas viaturas que têm a pressão para jogar a água nos locais mais precisos e não perdemos tempo saindo para abastecer noutro local”, explicou.
Ele disse ainda que os carros-pipa podem, também, ajudar no combate ao incêndio, desde que as viaturas também estejam abastecidas. “Neste caso, os carros-pipa podem ajudar no combate, porém, com a devida orientação de um bombeiro que deve priorizar o manuseio da água”, disse.
O comandante-geral exemplificou o trabalho feito no incêndio de uma empresa na semana passada, no bairro Pricumã, em que a equipe se deparou com uma grande quantidade de material inflamável, tipo borracha de sandálias, que é de rápida propagação e que gera combustão de chamas intensas. “Neste caso, se jogar água diretamente no local, a intensidade das chamas aumenta e foi priorizada a preservação dos prédios vizinhos, que também apresentavam material inflamável, de modo que o fogo não se espalhasse e pudéssemos salvar veículos e patrimônios que estavam próximos”, frisou. (R.R)