LEO DAUBERMANN
Editoria de Cidade
Final de ano é uma ótima oportunidade de rever o que aconteceu no ano que passou e fazer novos planos. Nessa época já virou tradição preparar certas simpatias para que o ano que inicia seja ainda melhor do que o anterior. As superstições vão além da cor da roupa e o comércio comemora o aquecimento nas vendas.
O branco é a cor mais tradicional do Réveillon, simboliza a paz, harmonia e pureza, por isso é indicada para quem quer renovar-se e deixar para trás energias ruins. Essa é a cor escolhida pela secretária executiva Lena Fagundes, 59, que aposta na roupa e lingerie branca e tem sido assim todos os anos. Ela também não abre mão de algumas simpatias na hora da virada.
“Tanto a roupa e lingerie têm que ser brancas, e a lingerie tem que ser nova. E também não deixo de comer três grãos de uvas, coloco as sementes em um saquinho de pano branco costurado à mão, depois guardo na carteira. Jogo as sementes do ano anterior em um campo verde, que lembre prosperidade. Quando encontro romã, faço o mesmo processo e guardo junto com as sementes das uvas, traz prosperidade”, explica.
Prosperidade é o que a cabeleireira Vanilza de Araújo Leal, 39, está procurando também. Ela conta que na virada do ano passado optou pela roupa branca, mas, neste ano vai usar amarelo. Para ela a cor da roupa determina como vai ser a energia nos próximos 365 dias. “Além de ser a cor de 2019, amarelo atrai riqueza, prosperidade e é disso que eu estou precisando”, disse.
amarelo também é a cor escolhida pela jornalista Camila Dall‘Agnol, 35, para a lingerie dela, do marido e dos dois filhos. “Não sei dizer quando foi que iniciou esse nosso ritual, mas, na primeira vez, depois que o ano acabou e começou esse clima de festas novamente, percebi que aquele ano havia sido legal e então repetimos o ritual, todos os anos”, disse.
Camila disse também que, por conta da tradição de parte da família, que é gaúcha, a lentilha e carne de porco não faltam na ceia da virada. “Já é tradição, sempre tem, e atrai fartura, prosperidade, além de ser muito saboroso. Agora, evitamos comer aves, porque cisca para trás”, explica.
Limites – Para a psicóloga Carime Lima, é preciso alertar para o limite entre o saudável e o patológico, com relação às superstições e simpatias. “Quando elas extrapolam o bom senso, quando a pessoa é escrava daquelas atitudes, aí sim é bom ela se preocupar e procurar ajuda. Mas assim, fatos ocasionais como final de ano, ou num dia santo é até saudável. Esse comportamento acaba sendo passado de geração para geração”, enfatiza.
De acordo com a psicóloga, é reconfortante saber, mesmo que inconscientemente, que determinada simpatia ou superstição pode ajudar a pessoa a conseguir algo que almeja.
“Algumas superstições prometem trazer paz, prosperidade, fartura, harmonia, um novo amor e por aí vai, o ser humano gosta, na sua maioria, de coisas simples e fáceis de conseguir, mas no fundo a gente sabe que se a gente quer alguma coisa de concreto, tem que lutar para conseguir. Por exemplo, se eu quero prosperidade, no sentido profissional e financeiro, eu vou procurar estudar, planejar, trabalhar mais ainda”, destaca.
“E mesmo estando hoje em 2018, mesmo não tendo nenhuma base científica que comprove realmente sobre a veracidade do resultado dessas superstições e simpatias, até os mais descrentes, mais céticos, muitas vezes vão atrás da boa sorte. Aquela coisa assim, não, eu não vou ganhar na Mega-Sena, mas bora jogar, de repente, acerto os números!”, completa.
Comércio – O comércio nessa época do ano comemora o crescimento das vendas, quase todo mundo quer iniciar o ano de roupa nova. Numa loja de roupas na região central da capital Boa Vista, a gerente conta que 80% das pessoas que entram na loja são para comprar peças para a festa de ano novo. As araras estão lotadas. “Acabou o Natal e a gente já mudou a vitrine, tá toda branca e amarela, que são as cores que mais saem”, disse a gerente.
Numa outra loja, especializada em produtos esotéricos, a dona revela que nessa época do ano as vendas duplicam. “As pessoas vêm atrás de sais de banho, incensos, velas, temos de todas as cores. Nós não temos mar em Boa Vista, mas muita gente faz oferendas à Iemanjá, no Rio Branco, com os barquinhos que é para presenteá-la”, explica.