Cotidiano

Início de ano é marcado por fuligem invadindo residências

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

O ano começou com a presença de fuligem em imóveis dos bairros 31 de Março, Aparecida, dos Estados, Paraviana e São Francisco. O que já é uma consequência do período seco é agravado com atitudes inconsequentes de pessoas que descartam materiais, a exemplo de cigarros, em locais de fácil combustão que podem dar início a incêndios.

Entre 31 de dezembro e 1o de janeiro, o Corpo de Bombeiros Militares de Roraima (CBMRR) registrou três incêndios, que provavelmente deram origem à fuligem que invadiu residências: um no Caçari, outro no Paraviana e, por último, no Projeto de Assentamento Nova Amazônia. Os bombeiros combateram as chamas das 2h às 5h do dia 1º.

“Dependendo do material que pega fogo, essa fuligem pode ser levada pelo vento e ainda estar incandescente, cair em uma residência e gerar, inclusive, um incêndio de média a grande proporção”, afirmou o coronel Gewrly Batista Melo.

A fuligem e a fumaça também podem causar outros transtornos, como atrapalhar a visão de motoristas no trânsito e problemas respiratórios.

Para evitar incêndios, é preciso agir de forma consciente na limpeza de terrenos e também no descarte de materiais. Roraima enfrenta, desde outubro, um período seco que só deverá acabar no início de abril. Até lá, qualquer descuido pode ser suficiente para provocar um incêndio.

“Outro fator é a peculiaridade do outro lado do rio Branco, que é uma área de lavrado e às vezes pega fogo porque as pessoas transitam e acabam jogando bitucas de cigarro e garrafas de vidro que podem ser potencializadas como lupas, o que também gera incêndio. O vento sopra de leste para oeste e, quando ocorrem incêndios do outro lado do rio, traz a fuligem da queimada do lavrado, e isto acaba sendo comum na cidade”, explicou Gewrly.

Apesar disso, o coronel garantiu que os incêndios ainda estão abaixo do esperado. Os focos de calor diminuíram quando comparados os meses finais de 2017 e 2018. Em 2017, foram detectados 421 em novembro e em dezembro, 329. Nos mesmos meses de 2018, foram, respectivamente, 120 e 123.

Os focos de calor são observados através de um satélite. De acordo com o coronel Gewrly, o que diferencia um incêndio de um foco de calor são a intensidade e o local. Se o fogo é considerado fora de controle, já se trata de incêndio. Quando está controlado, é somente um foco de calor. Mas em florestas ou lavrados, por exemplo, mesmo havendo controle, é classificado com um incêndio, pois, tecnicamente, são áreas que não deveriam queimar.

“Vemos que é uma diferença muito grande, ou seja, estamos considerando o período dentro da normalidade, até porque é seco, é verão e o pessoal acaba queimando, mas estamos conseguindo fazer frente e controlar”, explicou o coronel sobre o número de incêndios.

TERRENOS – Para fortalecer a prevenção a incêndios, o CBMRR fechará um acordo com a Prefeitura de Boa Vista para que haja comunicação mútua. Assim que os bombeiros forem acionados para atuar em incêndios em terrenos baldios ou queimadas de lixo, repassarão à prefeitura, que tem a responsabilidade de fiscalizar e punir os proprietários que não limpam os terrenos (o que deve ser feito ao menos duas vezes por ano) e quem usou do fogo para se livrar de lixo.

A reportagem da Folha entrou em contato com a Prefeitura de Boa Vista para saber quais as punições para quem não segue as normas de limpeza dos terrenos e também para quem faz limpeza com queimadas. Também questionamos qual o canal para denúncias nos dois casos, mas até o fechamento desta matéria não houve resposta. (F.A)