Cotidiano

Terceirizados voltam a promover manifestos na Sefaz

De acordo com uma das empresas ouvidas pela reportagem, o Governo efetuou o pagamento de apenas um mês atrasado e não há previsão para o repasse dos demais valores

YARA WALKER

Colaboradora da FolhaWeb

Servidores de empresas terceirizadas que prestam serviços ao Estado realizam no fim da manhã desta terça-feira, 8, um novo protesto em frente a Secretaria de Estado da Fazenda (Sefaz). Eles reivindicam o pagamento de aproximadamente seis meses de salários atrasados. 

Luis Carlos, 50 anos, trabalha como assistente de aluno há 14 anos. Ele afirmou a reportagem que o Estado não estabeleceu um prazo para os pagamentos e não esclarece a situação dos servidores. 

“Alguns estão há quase 7 meses sem salários e outros receberam, mas foi apenas um repasse. Esperamos uma resposta e a única coisa que eles dizem é que estão realizando  auditoria. Nós temos famílias passando fome aqui, alugueis atrasados. Estamos tentando uma reunião com o secretário, pois a culpa desses atrasos é do Estado”, explicou.

Para Nayara Araújo, que trabalha há quase 10 anos na área da educação, a situação de ter seus vencimentos atrasados tem lhe tirado a esperança de dias melhores. 

“Estamos nessa luta, sem décimo terceiro, sem salário. Se o repasse não é feito do Governo para a empresa, não há possibilidade de pagar os funcionários, e nós estamos  atrás de uma resposta sobre os nossos salários”, reforçou.

Ao todo, mil e trezentos servidores terceirizados estão com salários atrasados na capital e demais municípios. Só da empresa Limponge, por exemplo, que presta serviços de limpeza, são 800 funcionários, e da Haiplan são 500 terceirizados. 

Cartaz retrata desespero de terceirizados que estão sem receber salários (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)


OUTRO LADO 

De acordo com direção da empresa Haiplan, o único repasse feito pelo Estado foi realizado no dia 30 de dezembro de 2018, valor este relacionado aos salários do mês de agosto do mesmo ano. O valor foi destinado ao décimo terceiro dos funcionários da área da limpeza dos hospitais do interior.

“Já os terceirizados da capital que trabalham no Cosme e Silva, Coronel Mota e Hospital da Clínicas estão sem salários desde agosto”, afirma a proprietária.

A empresa disse ainda que os terceirizados da educação estão sem salário há seis meses e que não tem como dar uma previsão para o pagamento. 

“Todos os dias, mais de 200 funcionários são atendidos e perguntam sobre os salários, mas não podemos fazer nada se o repasse não foi feito. Nós conseguimos manter o pagamento com empréstimos e venda de bens até julho do ano passado”, concluiu.

A reportagem não conseguiu contato com os donos da empresa Limponge. 

A FolhaWeb também entrou em contato com o Governo do Estado, que informou, em nota, que Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz) está auditando, com prioridade, todos os contratos com empresas terceirizadas, colocando na ordem cronológica regulamentar de credores do Estado para pagamento.

A nota reforça também que o pagamento está atrelado à Receita do Estado (arrecadação própria), não havendo previsão de aporte financeiro do Governo Federal.

*Matéria atualizada às 13h54*