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Tenho dias vividos. Nasci em dezembro de 1958, na metade do século passado. Não sou velho; velho é o mundo. Quando nasci, o mundo já existia; vou embora e o mundo fica. Aprendi com a passagem do tempo que o mundo nunca acaba; quem acaba somos nós. O mundo se renova a cada dia. Me adaptei à passagem do tempo, e como diz Mário Lago, “Fiz um acordo com o tempo. Nem ele me persegue, nem eu fujo dele. Qualquer dia a gente se encontra e, desta forma, vou vivendo intensamente cada momento.”
Aos 66 anos, recém-completados, estou semi-novo; tenho tesão pela vida. O novo me fascina. Tenho fome e sede de conhecimentos.
Hoje, tenho mais sonhos do que quando tinha 30. O bom é que há muito a aprender. Curso faculdade de jornalismo, terminei um MBA e começo um novo na próxima semana. Estou escrevendo um novo livro. Aprendendo culinária, mais próximo às caçarolas. Conhecimento nunca é demais; ao contrário, “Só sei que nada sei, e o fato de saber isso me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa”, parafraseio Sócrates. Portanto, estou em boa companhia.
O bom de ter vivido um pouco mais é saber que já vi muita coisa. Vi boi voar algumas vezes. Presenciei coisas inimagináveis. Mas, como diz um amigo filósofo e bom observador da janela da vida: “Tudo que existe no mundo, tinha que haver no mundo”. Ouvi, em uma conversa memorável, do ex-presidente José Sarney. Aos 94 anos, quando alguém lhe conta algo inusitado, ele de repente diz: “No Maranhão, há precedente.” Portanto, nada é novo. Nada é original; isso já aconteceu antes. Ainda mais no Maranhão, terra rica em lendas, causos e mistérios. “Terra em que até o tempo mente”, nas palavras do padre Antônio Vieira, que por essas bandas viveu e presenciou muitas coisas diferentes.
Costumo dizer que se Gabriel García Márquez, escritor colombiano, prêmio Nobel de Literatura de 1982, um dos expoentes do realismo fantástico, tivesse passado um tempo no Maranhão, sua obra seria mais fabulosa, fecunda e rica.
Sou de uma época em que tudo tinha conserto. Quebrava, logo se conservava. Estamos na época dos descartáveis. Sejam eletrodomésticos, roupas, calçados e/ou relacionamentos.
Como acredito no ser humano, otimista por formação e opção, acho que relacionamentos podem ser restabelecidos, restaurados. Depende das partes envolvidas.
Caro leitor, amiga leitora, você pode pensar que sou bobo ou iludido. Talvez seja mesmo, mas também sou um entusiasta da vida. Ainda garoto, eduquei o olhar para o belo. Em qualquer situação, enxergo o lado bom da vida. Continuo acreditando que tudo tem conserto; basta mudar o olhar.
Muita coisa poderia mudar, renovar, revigorar, olhando em outra direção. Tenho visto ao meu redor tanta gente pessimista. Me entristece. Acho que grande parte entrou em uma vibe ruim, em só olhar o lado negativo da vida. Esses precisam mudar o olhar, ter gratidão por cada dia vivido. Descobrir as boas coisas da vida. Saborear cada momento vivido. Para um ano que começou há pouco, informo que viver é mágico. Viver é bárbaro. Viver é dádiva.
O título da crônica roubei da multifacetada Fernanda Torres. Bem-aventurados os que descobriram que a vida presta.
* Luiz Thadeu Nunes e Silva – Engenheiro Agrônomo, escritor, globetrotter. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.