Em 2018, foram registrados 107 roubos e 368 furtos de bicicletas em Boa Vista. Os dados totais, de 475 atos do tipo, representam um aumento de 28% nas ocorrências em comparação com o ano anterior, quando houve 77 roubos e 286 furtos.
Um bairro protagonizou esses casos: Asa Branca. Somente nele, foram registrados 28 furtos e 11 roubos. Destacando somente os roubos, o Pintolândia vem no segundo lugar com 26 casos, seguido do Raiar do Sol, com 20, Centro, 18, e Senador Hélio Campos, com 17.
Em relação aos furtos, três bairros, Raiar do Sol, Pintolândia e Pricumã, empatam em segundo lugar com o maior número de casos, registrando sete cada um. Logo após vem o Aracelis com seis, Liberdade cinco e outro empate entre quatro bairros, 13 de Setembro, São Bento, Sílvio Leite e Santa Tereza com quatro registros cada.
De acordo com o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital, delegado Alexsander Lopes, esses números ainda representam somente uma parcela dos atos do tipo que ocorrem em Boa Vista, uma vez que muitos se recusam a registrar boletim de ocorrência (BO).
“Vemos que isso ocorre por causa da falta de ‘crença’ que alguns podem ter em encontrar a bicicleta. Mas sempre orientamos que é importante registrar apresentando a nota fiscal do produto, pois vive acontecendo de nos depararmos com bicicletas roubadas, ao realizarmos alguma apreensão, sem sabermos a quem pertence. Muitos acabam recuperando graças a isso, mas outros perdem essa oportunidade quando não fazem o registro”, comentou.
Lopes destacou que para tentar reverter esse cenário, a Polícia Civil está trabalhando para operacionalizar um sistema que registre cada bicicleta que já foi roubada ou furtada na cidade com o auxílio das notas fiscais.
“Estamos em fase de treinamento, mas queremos que a partir de abril um sistema seja alimentado para que fique mais fácil devolver as bicicletas que acabamos apreendendo quando nos deparamos com algum elemento que é preso em flagrante. Nós temos muitas bicicletas aqui e muitas delas acabam não sendo devolvidas para seus donos por falta de um sistema mais inteligente que ligue as que temos com os BOs de quem perdeu”, explicou.
Alexander Lopes afirmou que centros comerciais e praças com grande fluxo de pessoas são onde costumam ocorrer mais casos do tipo. Segundo ele, quem pratica esse tipo de crime geralmente não o faz de forma premeditada, mas, sim, aproveita uma oportunidade de descuido do dono.
“O Asa Branca possui uma área comercial muito ativa na Ataíde Teive. Além de ser próximo da Germano Sampaio, local em que situações como essa são cada vez mais comuns, observamos que alguns dos lugares que possuem mais furtos ou roubos são próximos de abrigos para refugiados, como é o caso do Pintolândia, Santa Tereza, 13 de Setembro e o Centro, que contava com o abrigo Latife Salomão até outubro”, contou.
Sobre a existência de imigrantes praticando esses crimes, o delegado explicou que já chegou a entrar em contato com militares que estão fazendo parte de Operação Acolhida, que comporta e realiza a interiorização de venezuelanos, para saber se são praticados por quem está dentro dos abrigos.
“Eles contam que é de praxe não deixar que o imigrante entre no abrigo se ele aparecer com uma bicicleta sem nota fiscal. Por isso, sabemos que a maior parte desses crimes não é praticada por refugiados que estão em abrigos, mas, sim, por quem anda pelos arredores deles”, complementou.
Por fim, o diretor do Departamento de Polícia Judiciária da Capital destacou alguns dos cuidados básicos que são necessários para que bicicletas não estejam “vulneráveis” ou chamem atenção de quem deseja se aproveitar.
“Se você for visitar alguma casa faça questão de deixar a bicicleta na parte detrás dela, nunca na frente ou em área que dê para observar do lado de fora. Nos comércios procure deixar próximo da entrada, sempre com alguma corrente ou cadeado. Se você já foi roubado consiga a nota fiscal e registre o caso na delegacia, pois poderá contribuir para alimentar um sistema que, no fim das contas, irá beneficiar toda a população”, orientou. (P.B)