Política

Comandante-geral da PM diz que Pacaraima está caótica

Município que faz fronteira com a Venezuela deve ser considerado um caso especial por toda a comunidade brasileira e internacional

LEO DAUBERMANN

Editoria de Política

Pacaraima sempre foi um município extremamente pacato, ordeiro, agradável e, de uma hora para outra, se transformou num caos. Essa foi uma das afirmações do comandante-geral da Polícia Militar de Roraima, coronel Elias Santana, em entrevista ao programa Agenda da Semana desse domingo, 13, na Rádio Folha FM 100.3. Para ele, a garantia da ordem é um direito do cidadão que precisa ser restabelecido na região.

O alto comando da Segurança Pública de Roraima, incluindo o secretário da pasta, Márcio Amorim, o delegado-geral da Polícia Civil, Herbert Cardoso, e o comandante Santana, estiveram no município que faz divisa com a Venezuela, na última quinta-feira, 10, em resposta à notificação do Ministério Público de Roraima (MPRR), no dia 2, à Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) sobre a situação caótica vivenciada por moradores de Pacaraima, região Norte do Estado.

“O Ministério Público fez uma recomendação à Sesp e nós não poderíamos deixar de ir pessoalmente até Pacaraima por entendermos que aquela população merece ter de volta a tranquilidade. Tudo o que nós pudermos fazer para minimizar os problemas e buscar soluções, nós vamos fazer até porque essa é a nossa função constitucional”, disse.

De acordo com o comandante-geral da PM, a dificuldade financeira não pode servir de desculpa para que o Estado deixe de contemplar uma necessidade que é básica, um direito do cidadão, que é a segurança pública. “Vamos adotar medidas em caráter de urgência para fortalecer a segurança no município. Nós já temos lá um grupamento da Força Tática, um efetivo da companhia, será implantada uma base móvel da Polícia Militar, mas precisamos de reforço no efetivo das forças policiais”, falou.

Ainda de acordo com o comandante-geral, o efetivo de policiais militares atualmente no município de Pacaraima é a metade do que tinha há 15 anos. “No tocante especialmente à Polícia Militar, nós vivemos um paradoxo. Comandei Pacaraima em 2004, como tenente, e nós temos hoje a metade do efetivo que nós tínhamos à época, com um volume de problemas muito superior”, ressaltou.

Segundo o coronel Santana, os problemas vividos pelos moradores do município vão desde os mais simples, como o caos no trânsito, a problemas mais graves e preocupantes, como o tráfico internacional de drogas e armas. “Pacaraima deve ser considerado um caso especial para toda a comunidade brasileira e internacional”, destacou.

Ainda conforme Santana, mesmo que a corporação tivesse um efetivo ideal, algumas deficiências impediriam a realização de ações consideradas simples. “Como controlar o trânsito se não temos guincho para condução de veículos nem pátio para colocar veículos apreendidos? É um desafio e um problema que precisamos solucionar”, afirmou.

Outra preocupação do comandante-geral da PM é com a questão de drogas e armas. Para ele, Roraima é um corredor do tráfico internacional. “Nessa semana, a mídia nacional noticiou uma apreensão de entorpecentes [cocaína] em Rondônia e ao se investigar essa apreensão a informação levantada foi de que essa droga entrou por Pacaraima”, contou.

Outro problema relatado pelo comandante-geral da PM, que foi alvo de recomendação do promotor substituto de Pacaraima, Lincoln Zaniolo, são os serviços de acesso às policias Militar e Civil, por meio dos telefones 190 e 191, que precisam ser restabelecidos. “Nós hoje não temos em Pacaraima, por exemplo, como apoiar o cidadão com o número 190 da PM nem o 191 da Polícia Civil, em função de reiterados problemas com a falta de pagamento”, destacou.

CABRITEIRAS – O coronel Santana destacou que o grande problema hoje, em Pacaraima, não são os migrantes que, ao entrarem no Brasil, passam pela fiscalização, sendo que a maioria permanece muito pouco tempo no município. O grande problema seriam as chamadas ‘cabriteiras’, estradas clandestinas que ligam os dois países, que não têm nenhum tipo de controle.

“Essas cabriteiras servem para prática de ilícitos, contrabando de produtos e, inclusive, para levar produtos roubados de Pacaraima para a Venezuela. Nós temos atualmente no município muitos arrombamentos em casas e comércios e os bandidos usam essas estradas para levar o produto do roubo para o país vizinho. São problemas realmente muito complicados e que precisam de solução rápida”, destacou.