Cotidiano

Parte do Paraviana é considerada intrafegável por moradores

Casas começaram a ser construídas na região há quase dez anos e, desde então, moradores buscam respostas para o motivo de a avenida nunca ter sido contemplada com nenhum tipo de obra que a torne trafegável

A Avenida Minas Gerais é uma das mais largas de Boa Vista e fica em um ponto da capital considerado privilegiado, o bairro Paraviana, onde se tem acesso às avenidas Júlio Bezerra e Brigadeiro Eduardo Gomes. Apesar da boa localização, boa parte dela não tem asfalto, drenagem ou tratamento de esgoto.

O trecho da avenida com esses problemas fica à esquerda de quem chega até o final da Júlio Bezerra, em direção ao bairro. Devido ao seu relevo irregular, presença de matagal e falta de iluminação durante a noite, é raro ver alguém a utilizando para ter acesso ao Centro ou à Zona Oeste da cidade. Ao invés disso, moradores preferem dar a volta por meio da Rua Severino Soares de Freitas, que atravessa o Paraviana em direção ao Caçari, e depois pela Rua Sibipiruna, que dá na rotatória de acesso às principais avenidas da região.

Casas começaram a ser construídas naquela área há quase dez anos e, desde então, moradores buscam respostas para o motivo de a avenida nunca ter sido contemplada com nenhum tipo de obra que a torne trafegável. No verão, eles apontam problemas de saúde por causa da poeira. No inverno, riscos de alagamentos devido à ausência de córregos para que a água possa escoar.

Segundo o autônomo Dijalma Assunção Coimbra, morador há três anos da Avenida Minas Gerais, o fator determinante para a compra de sua casa, além da boa localização, foi a promessa de que o asfalto seria feito em dois meses.

“O cara que vendeu a casa para mim disse que em dois meses, no máximo, começariam a asfaltar a avenida. Fiquei na promessa até hoje. O único momento em que a vemos movimentada é quando as pessoas vão para o banho [balneário] que fica no final do bairro. Eu gosto de morar aqui, mas é chato ter que fazer um malabarismo para não danificar o carro e ainda dar a volta para sair daqui”, explicou.

PEDIDOS – A situação é tão complicada que já houve até requerimento lido em sessão da Câmara Municipal e protocolado em 28 de outubro de 2018, cuja solicitação era para serem feitos pavimentação, calçamento, drenagem e colocada iluminação pública no local. O advogado Walker Sales, que mora há dois anos na Rua Carnaúba em um dos pontos de acesso da avenida Minas Gerais, explicou que após o documento ser encaminhado à Prefeitura de Boa Vista, não houve mais retornos.

“Eu fui atrás e questionei a prefeitura. A resposta que recebi foi de que havia um projeto para a construção, só que não estava indo para frente por problemas licitatórios”, complementou.

Sales explicou que já está se programando para comprar uma caminhonete ou SUV, veículos mais altos do que possui atualmente, para ver se consegue aguentar a barra que é passar pelo menos duas vezes ao dia por um trecho considerado intrafegável. Entre os motivos para que não haja obras na região, o advogado mencionou alguns dos mais comentados entre os moradores.

“Já ouvi gente dizer que não há asfaltamento por aqui por causa da delimitação da Base Aérea que existe no outro lado da Minas Gerais, mas o IPTU é cobrado e há iluminação em um dos lados da avenida. Então, isso significa que esta é uma região de competência da prefeitura, sim. Mas acredito que isso talvez tenha a ver com o fato de que aqui também não tem tratamento de esgoto, de competência da Caerr [Companhia de Águas e Esgotos de Roraima]”, explicou.

DESISTÊNCIAS – O casal de professores universitários Vanderlei Severo e Fabiana Letícia Sbaraini, que mora há oito anos no final da Avenida Minas Gerais, conta que já entrou em contato com um engenheiro da prefeitura, que alegou falta de dinheiro do município para o projeto. Fabiana destacou alguns dos principais apertos passados pelo casal.

“Eu já tirei foto, já denunciei em redes sociais, já fomos atrás do Poder Público… nada! Se aqui fosse asfaltado, seria um ponto bastante atrativo para o próprio comércio e justificaria o valor de R$200 mil pelo terreno. Chegamos a mostrar a região para alguns amigos que demonstraram interesse em se mudar para cá e eles acabaram desistindo, pois as condições de locomoção são horríveis. Tanto é verdade que está cheio de placas de ‘vende-se’ por aqui. E no inverno, ficamos ilhados. Eu costumo brincar dizendo que um dia compraremos um trator só para sair de casa em dia de chuva”, explicou.

Vanderlei apontou que o local também é alvo de urubus que circulam em torno de lixos que são jogados na avenida e em terrenos baldios próximos a sua casa.

“Muitas vezes, os restos jogados vêm dos próprios banhistas que passam por aqui. Uma vez teve o caso de nos depararmos com alguns animais mortos em sacolas perto da cerca da Base Aérea. Chegamos até a entrar em contato com eles, pois com a presença constante de urubus, o tráfego aéreo podia ser comprometido. Mas ninguém deu atenção. Ninguém liga. Ninguém responde”, destacou.

PREFEITURA – A Prefeitura de Boa Vista foi procurada pela reportagem, mas não se pronunciou até a conclusão da matéria.

CAERR – Por nota, a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr) afirmou que enviará uma equipe ao bairro, na região ainda não contemplada por esgoto, para verificar a situação in loco e a possibilidade de ampliação da rede atual, conforme estudos de viabilidade técnica.

“A Caerr pede a compreensão dos usuários e orienta ainda os clientes que necessitarem de algum tipo de atendimento que busquem os canais de comunicação com a empresa, incluindo o aplicativo Caerr Mobile, disponível para Android e iOS, o 0800280 9520 e o portal da companhia, www.caerr.com.br”, complementou. (P.B)