Cotidiano

Balança comercial roraimense fecha 2018 com saldo positivo

Mesmo com resultado positivo, valores foram abaixo do esperado e tiveram redução significativa em comparação com o ano de 2017

A balança comercial roraimense fechou com saldo positivo em 2018, de acordo com dados divulgados pela Federação das Indústrias do Estado de Roraima (Fier). O saldo calculado ficou em US$ 6.399.250, porém, houve uma queda de aproximadamente 416% em comparação 2017, quando chegou ao valor total de R$ 33.008.393.

O cálculo se dá a partir da comparação entre os valores gerados pelas exportações e importações feitas no Estado. No saldo, o registro acontece com a diferença entre as duas operações, e mantém-se a expectativa de que o número de exportações seja maior que o da compra de produtos dos outros países.

Nos dados de 2018, somente nos meses de fevereiro e março, os valores da balança comercial foram superiores quando se compara ao ano anterior, destacando-se pela comparação de novembro, quando, em 2017, o saldo chegou a US$ 21.774.927 e, em 2018, foi registrado o valor de US$ 618.642. Em janeiro, maio, junho e dezembro, o registro das exportações foi menor que os das importações, resultando um saldo negativo.

A avaliação feita pela instituição justificou que os dados das importações não apresentaram grandes variações, já que Roraima importa produtos para a sua produção ou insumos que não são encontrados com facilidade no mercado nacional, como itens de informática. A China retém 73,19% das importações roraimenses, seguida da Tailândia, com 6,29%, e da Venezuela, com 5,54%.

Conforme relatou a coordenadora técnica da Fier, Karen Telles, uma das explicações para a queda expressiva no saldo da balança pode estar relacionada à falta de identificação nos registros da exportação da soja roraimense.

“Não estamos dizendo que não houve a exportação de soja produzida no Estado, mas não conseguimos identificar essa movimentação até o mês de dezembro”, revelou.

Entre as possibilidades para esse cenário, está a venda para o mercado interno. O grão pode estar estocado para operações de exportação em que o preço esteja mais favorável ou as operações não terem saído pelo Estado de Roraima e, sim, o processo ter sido feito através de escritórios no Amazonas. “Quando isso acontece, registra o resultado no Amazonas, o que é uma pena”, completou.

Mesmo com os resultados adversos, a soja roraimense continua criando grandes apostas para investimentos em Roraima. Os especialistas técnicos avaliam que, com a produção constante e crescente, é possível que haja uma potência na cadeia produtiva. “É por isso que é muito importante que qualquer produto estadual, ao ser exportado, tenha a origem declarada daqui ou estamos fortalecendo a economia de outro Estado”, completou.

Venezuela é a maior importadora da produção roraimense

O maior mercado para exportação roraimense é a Venezuela, com um total de 54,82% do mercado comercial, com gêneros alimentícios e de higiene. As operações feitas com o país vizinho também mudaram e acontecem somente com pagamento antecipado por parte do governo de Nicolás Maduro.

“Quando falamos em mercado internacional, falamos da moeda global, o dólar. Só que a Venezuela está fazendo por meio de pagamento com a moeda brasileira”, disse William Sales, técnico de operações do Centro Internacional. A Holanda foi o segundo maior destaque das exportações, com 20,55% do destino da produção roraimense, com a compra de madeira. A Guiana ficou em terceiro, com 10,69%, sendo a maior parte com água e refrigerante.

EXPECTATIVAS – Para 2019, Karen avalia que há uma série de fatores políticos que influenciam na economia, tanto no âmbito federal quanto estadual. Com a transição governamental, se espera pelas medidas da gestão estadual que devem ser adotadas para viabilizar o aumento da produção industrial. “Sabemos que o grande mote da nova proposta de governo é da produção agrícola e achamos isso muito positivo, até porque, para termos uma base industrial, precisamos de matéria-prima”, destacou.

Ela enfatizou que foram enviados para o governo do Estado alguns pontos que são esperados para todo o setor e que possa se desenvolver uma política de desenvolvimento em Roraima, focando na redução da carga tributária e diminuição dos problemas de infraestrutura que ainda são encontrados e impactam nas exportações.

Arroz é destaque na exportação e aparelhos de ar-condicionado são mais importados

Arroz foi o produto mais exportado de Roraima. Com produção maior este ano, soja não teve destaque (Foto: Nilzete Franco/Folha BV)

Nos registros feitos pela Fier, o arroz foi o produto roraimense mais exportado durante 2018, com valor total de US$ 4.480.951, representando 28,08% da participação comercial. O setor madeireiro, que vem se recuperando após passar por uma queda significativa a partir de 2012, quando a crise financeira na Venezuela começou a ter mais expressividade, ficou em segundo, com 13,53% e US$ 2.158.844.

A soja ficou em terceiro entre os mais exportados com um total de R$ 1.778.506 e 11,15% de participação comercial. De acordo com a técnica da Fier, a perspectiva calculada pela produção do grão roraimense era que pudesse ultrapassar os valores da exportação de arroz. Produtos como pedras preciosas e de alimentos completam a lista das exportações no ano passado.

Já em relação às importações, aparelhos de ar-condicionado foram os principais, sendo 42,06% na participação e um valor total de US$ 4.018.933. A borracha ficou em segundo, com US$ 2.798.966, o que corresponde a 29,29%. Em terceiro, os equipamentos de informática, com US$ 749.269 e 7,84% da participação. Parte de veículos automóveis, plásticos, ferro e insumos médicos também tiveram destaque nos produtos exportados. (A.P.L)