Cotidiano

Moradores apontam piora de mau cheiro no São Francisco

Entre as principais ruas que passam pelo problema, a Folha destaca a Alferes Paulo Saldanha e a Arnaldo Brandão

O mau cheiro no bairro São Francisco já é familiar para boa parte dos moradores, por ser um problema que já existe há mais de dez anos. Mas, para quem não está acostumado, o impacto é inevitável. Nos últimos meses, pessoas apontam que o cheiro parece aumentar cada vez mais nesse verão, devido ao calor excessivo.

Entre as principais ruas que passam pelo problema, a Folha destaca a Alferes Paulo Saldanha e a Arnaldo Brandão. Apesar disso, o cheiro também pode ser sentido em ruas adjacentes. A aposentada e confeiteira Maria de Nazaré, conhecida como “Mariazinha”, moradora da Arnaldo Brandão, relatou que está em busca de outro lugar para morar.

“O cheiro vem estando pior do que nunca nesses últimos dias. Estou morando aqui nesta casa há pouco tempo, ainda vai fazer um ano, mas moro neste bairro há mais de dez. E confesso que só estou aqui por causa da minha filha, que está aqui comigo, pois, se dependesse de mim, eu já iria para um ponto que pelo menos não tivesse o cheiro tão forte logo na garagem”, explicou.

Mariazinha destacou que o cheiro, além de poder ser prejudicial para a saúde, também é algo que faz com que oportunidades de negócios com comida sejam afastadas da vizinhança.

“Eu já pensei em abrir um espaço aqui para fazer confeitaria ou um curso do tipo, pois como já faço doces há muito tempo, posso ensinar. Mas, infelizmente, o cheiro é tão forte que acho que ninguém iria aguentar mexer com comida. É uma pena, pois me sinto perdendo uma oportunidade de conseguir uma renda que me deixe em uma posição financeira mais confortável”, afirmou.

Telma Almeida, que mora há 12 anos na Rua Alferes Paulo Saldanha, é prestadora de serviços gerais. Ela afirmou que moradores já chegaram a tentar acabar o cheiro de diversas formas. Mas, independentemente do que seja feito, o fedor sempre prevalece.

“Um dos moradores já chegou a colocar um colchão com uma tampa de cimento para ver se abafava o cheiro que sai de um bueiro estourado que fica bem ao lado de casa. Eu tenho filhos, e só deixo eles brincarem do lado de fora quando o cheiro está mais fraco. Mas com o calor, piora e fica insuportável”, afirmou.

A servidora pública Monalisa Barreto, que mora na Rua Alferes Paulo Saldanha, está colocando sua casa à venda por causa do problema. Ela afirmou que faz questão de falar da situação do bairro por já não aguentar mais.

“Nós já tentamos falar com o Poder Público, tanto municipal quanto estadual. Um joga a culpa para o outro. E nós ficamos aqui tendo que aguentar esse fedor o tempo todo. Dá até para dizer que nos acostumamos, mas sempre tem uns dias que o cheiro está pior do que nunca, então nunca se fica tranquilo”, contou.

CAERR – Em nota, a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr) informou que enviou uma equipe de técnicos aos endereços mencionados e foi constatado que todos os poços de visitas do sistema de esgoto estão limpos e em pleno funcionamento, e que a suspeita é de que estejam interligando o esgoto residencial às galerias pluviais, o que é terminantemente proibido.

“As galerias são dimensionadas para receber somente a água da chuva. O esgoto ligado irregularmente nos canais para drenagem da chuva pode causar sérios problemas ambientais, além do transtorno do mau cheiro relatado pelos moradores. Cabe à Prefeitura de Boa Vista a fiscalização, pois essa prática é proibida”, complementou.

PREFEITURA – A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Boa Vista, mas não houve resposta. (P.B)