O Ministério da Saúde divulgou novas datas para a seleção de profissionais no programa Mais Médicos que ainda não escolheram os municípios de atuação. No novo cronograma, os brasileiros formados no exterior irão escolher a localidade desejada nos dias 7 e 8 de fevereiro. Os profissionais estrangeiros escolhem as vagas disponíveis em 18 e 19 do mesmo mês.
Em Roraima, o último levantamento feito pela Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) apontou que, das 72 vagas disponibilizadas para o Estado no novo edital, 44 foram preenchidas e 28 ainda estão em aberto. O Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Leste, que atende 50 mil pessoas das etnias Macuxi, Wapichana, Ingarikó, Patamona e Taurepang, tem o maior número de vagas não ocupadas, um total de dez.
No DSEI-Yanomami, são nove vagas que ainda não foram preenchidas pelos médicos e cerca de 16 mil pessoas estão com atendimento básico prestado por enfermeiros e técnicos de enfermagem. Houve uma desistência no município de Rorainópolis, resultando em quatro vagas na localidade que ainda não foram ocupadas.
Caroebe representa o segundo município com maior número de vagas desocupadas, com duas. Os municípios de Alto Alegre, São Luiz e Uiramutã têm uma vaga disponível cada. De acordo com Ipojucan Costa, coordenador do Mais Médicos em Roraima, o adiamento do cronograma implica uma demora no atendimento prestado à população que está sem médico na localidade.
“Isso é negativo porque, enquanto o Ministério da Saúde reiteradamente vem modificando o calendário, são mais dias sem uma equipe completa, em especial nas áreas indígenas que estão completamente descobertas. São poucas as equipes que estão atuando. Tudo tem um impacto e só dá para medir com o tempo”, relatou.
Segundo ele, a falta de assistência prejudica principalmente mulheres grávidas, crianças e pessoas com doenças crônicas, já que no início a previsão era para que o processo tivesse finalização em dezembro do ano passado. Para ele, uma das melhores opções seria fechar o calendário e permitir que os médicos estrangeiros já pudessem ocupar as vagas que estão sendo rejeitadas pelos profissionais brasileiros.
Conforme publicado pelo Ministério da Saúde, 82% das 8.517 vagas já foram preenchidas após o encerramento do contrato com médicos cubanos. A pasta contabilizou 10.205 profissionais inscritos nesta etapa, entre brasileiros e estrangeiros, que não possuem o registro no País.
“Mas isso não quer dizer que os mais de 80% já estão trabalhando, a maioria ainda leva um tempo para entrar na equipe, para organizar serviços e fazer a folha de pagamento. As comunidades indígenas são as menos preferidas, então, logicamente, serão as últimas a fecharem as vagas. A esperança que temos é fecharem com os estrangeiros porque até agora não tem muita pretensão pela maior parte dos médicos brasileiros”, completou o coordenador.
Ele destacou que um dos principais problemas enfrentados dentro do programa é a falta de adaptação dos profissionais em municípios mais distantes. Costa teme que possa aumentar o número de desistências até o encerramento do processo, enfatizando que, enquanto não há a ocupação completa nos municípios e comunidades indígenas, os atendimentos estão sendo feitos de forma precária.
“As pessoas podem continuar desistindo. Quando os cubanos entraram no programa Mais Médicos, não foram mal-intencionados, como muita gente fala. Havia necessidade de ter um suporte. Quando um cubano saía, a OPAS [Organização Pan-Anamericana] mandava um, de 15 a 20 dias. Eles não passavam por um processo seletivo como agora”, revelou.
Ipojucan Costa afirmou que as mudanças nos calendários definidos pelo Ministério da Saúde não são avisadas com antecedência e que não são explicados os motivos dessas novas definições, o que prejudica toda a cadeia de saúde pública necessitada do serviço por aumentar o período que a população fica sem atendimento. (A.P.L)