Cotidiano

Pessoas contam como cursos ajudaram a mudar de vida

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

O Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (Senac) trabalha com diversas vertentes. Um exemplo são os cursos gratuitos que recebem 66,67% dos recursos de compulsória da instituição. Só no último ano, foram atendidas 598 turmas e houve 13.263 matrículas, sendo 9.085 somente nos 341 cursos gratuitos ofertados.

A expectativa da gerente de Educação Profissional da instituição, Eliane Lino, é que os números possam continuar crescendo todos os anos. A projeção de matriculados em 2019 é de cerca 20 mil. Os investimentos para os cursos gratuitos também devem aumentar. De acordo com Eliane, a intenção é que se possa usar 100% dos recursos de compulsória da instituição para essa finalidade.

“Acreditamos que com isto estamos cumprindo o nosso papel social que é formar pessoas com uma renda menor, que sem essa oportunidade de curso gratuito não conseguiriam ter acesso a um curso de qualidade, com uma certificação aceita nacionalmente e com selo”, disse a gerente.

Embora as perspectivas sejam boas, o governo federal defende uma política de diminuição dos gastos públicos. Ainda durante a campanha de Jair Bolsonaro (PSL), o atual ministro da Economia, Paulo Guedes, já comentava sobre “cortes no Sistema S”. Se isso ocorrer, Eliane Lino acredita que a oferta de cursos gratuitos não poderá ser realizada com o mesmo volume, assim como os trabalhos do Senac podem ser diminuídos e, consequentemente, os empresários serem afetados.

“Quando capacitamos uma turma gratuita, esse trabalho reflete no mercado porque os empresários conseguem realizar seletivos melhores, com pessoas com currículos melhores, com atitudes empreendedoras diferentes. O trabalho que fazemos realmente muda a vida das pessoas. Se esse corte acontecer, muita gente vai ser afetada”, explicou.

Eliane disse ainda que os casos de preconceito com o Sistema S são comuns e que sempre faz convite para que a comunidade possa conhecer os trabalhos realizados na instituição. Dessa forma, já viu muita gente mudar a visão após se tornar um aluno ou colaborador do Senac.

CASOS DE SUCESSO – Thaíne Malinowski precisou se profissionalizar no Senac ainda na adolescência. Aos 14 anos, atuava como auxiliar de estética, mas a dona da clínica em que trabalhava precisava de uma ajudante que pudesse atuar, que conhecesse técnicas e isto a levou a cursar drenagem linfática.

“A partir daí, comecei a ter condições financeiras, porque antes ganhava R$ 194 por mês, depois do curso comecei a ganhar o mesmo valor por paciente. Depois, fiz outros cursos por lá e foram aumentando as minhas condições”, declarou.

Já se passaram 12 anos desde que Thaíne fez o primeiro curso. E, desde então não parou mais. A esteticista já passou 50 cursos e hoje é dona do próprio negócio. Mas sua primeira oportunidade surgiu no Sistema S.

“A possibilidade de cortes pode tirar muitas oportunidades de qualificação, de as pessoas aprenderem a trabalhar e isso é horrível para o nosso mercado. Todo mundo precisa de uma oportunidade, pois nem todos têm condições financeiras de pagar uma faculdade ou um curso técnico. Creio que são necessárias exigências para uma pessoa se manter no mercado, mas também é necessário um começo”, disse a empreendedora.

Paula Megias é dona do seu próprio negócio, um salão de beleza, mas nem sempre a situação foi assim. Em 2015, ela estava desempregada e pediu para que uma amiga cabeleireira lhe ensinasse algumas técnicas. Esta amiga também era professora no Senac. Após dois anos trabalhando, Paula percebeu que precisava do certificado e recorreu ao Senac.

“Mudou tudo na minha vida depois do curso. Porque eu realmente aprendi a parte técnica e o Senac oferece diversas técnicas, como o visagismo, em que aprendemos a estudar a aparência de cada cliente”, disse ela, que ainda completou ter triplicado sua renda. (F.A)