Cotidiano

População pode cooperar no combate à mosca da carambola

LEO DAUBERMANN

Editoria de Cidades

A praga conhecida como mosca da carambola (Bactroceracarambolae), que pode causar prejuízos à agricultura brasileira, está presente somente nos Estados de Roraima e Amapá. Aqui, a praga já foi erradicada em nove municípios: Boa Vista, Cantá, Caracaraí, Mucajaí, São João da Baliza, Caroebe, São Luiz, Rorainópolis e Iracema. No entanto, seis ainda são focais: Bonfim, Normandia, Uiramutã, Pacaraima, Amajari e Alto Alegre, e permanecem sob fiscalização.

Para impedir que as pessoas passem com os frutos contaminados, sem saber, disseminando a praga, são instaladas barreiras fitossanitárias, única forma de conter o problema. O município de Pacaraima tem zona de proteção (ZP), em parceria com o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa). E as barreiras fitossanitárias, seis no total, estão espalhadas pelo Estado, em locais estratégicos.

Um posto fixo de vigilância agropecuária fica no Jundiá, município de Uiramutã, outro em Bonfim. Há também barreiras fitossanitárias no quilômetro 100, que funcionava anteriormente na Vila Três Corações, em Amajari, um na região do Passarão, Zona Rural de Boa Vista, e dois postos instalados em Alto Alegre, um na entrada do município e outro na saída.

De acordo com o engenheiro agrônomo da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr) Marcos Prill, uma mosca fêmea pode colocar até 1.500 ovos e ela, naturalmente, voa somente até cinco quilômetros. “A gente acredita que deslocamentos de longa distância não são de responsabilidade da natureza, foi o bicho homem que levou ela de um local para outro, dando um salto geográfico grande”, ressalta.

Prill enfatiza a importância de se fazer o controle nas barreiras fitossanitárias e a população é peça fundamental nesse controle. “É preciso que a população entenda que não é proibido o consumo, pelo contrário, a gente recomenda que se consumam frutos, faz bem para a saúde, mas que não se transporte de um local contaminado para outro, livre da praga. Nos outros municípios, você pode transitar normalmente com as frutas sem nenhuma preocupação”, enfatiza.

Para pleitear uma área livre da praga, de acordo com Prill, é preciso ter pelo menos três ciclos de ocorrência dela. O ciclo de vida leva em torno de 123 dias, então multiplicando por três, são cerca 370 dias, um pouco mais de um ano. Atualmente, a Aderr tem 2.456 armadilhas instaladas e espalhadas no Estado inteiro. Elas são monitoradas semanalmente ou no máximo a cada quinzena.

Em caso de ocorrência, Pril destaca que entram as medidas de controle. “A gente tem equipe que faz o combate, lança iscas atrativas, que o inseto vai se alimentar até morrer. E a gente elimina também os potenciais frutos que estejam contaminados. São medidas que precisam ser tomadas”, enfatiza.

EMBRAPA – De acordo com a entomologista da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), Elisângela Fidelis, o nome da praga, mosca da carambola, leva muitas pessoas a acreditarem que apenas a carambola é alvo dos insetos hospedeiros, o que é um risco para a sociedade.

“Existe uma sucessão de hospedeiros do inseto que busca novos frutos disponíveis conforme o clima. Aqui em Roraima, ataca as plantações de manga, caju, acerola, laranja, entre outros. O inseto possui esse nome porque a carambola é o hospedeiro preferencial”, ressaltou.

A Embrapa Roraima, de acordo com a pesquisadora, realiza o levantamento de outras moscas de frutas, associadas à carambola. “A mosca da carambola não é a única mosca que ataca a frutas no Estado. A gente tem uma diversidade enorme de moscas nativas que atacam as fruteiras, então desenvolvemos um trabalho de conhecimento dessas espécies, identificamos os hospedeiros e os frutos que essas moscas estão atacando”, disse.