Após a conquista do certificado internacional de livre de aftosa com vacinação pela Organização Mundial de Saúde Animal, o País começa a se preparar para mudança de status sanitário, com a transição para livre de aftosa sem vacinação. O Plano Nacional de Erradicação da Febre Aftosa (Penefa), criado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), deve ser finalizado até 2026.
O plano dividiu os Estados em cinco blocos, com período determinado para cada um suspender a vacina, com início este ano em Rondônia e Acre. Após a retirada, não será possível a comercialização entre blocos que não têm o mesmo status sanitário, a exemplo do que já acontece em Santa Catarina, o único considerado livre da aftosa sem vacinação.
Roraima está no bloco 2, composto por Amazonas, Pará e Amapá, com a previsão para retirada da vacina em 2020. Conforme explicou Silvio Botelho, médico veterinário da Agência de Defesa Agropecuária de Roraima (Aderr), o certificado sem vacinação permite a abertura para os mercados internacionais, com maior exigência e preço da carne.
“O grande objetivo da retirada da vacina é econômico. Seria a retirada total, a proibição da venda e aumentar a vigilância, sorologia, barreiras sanitárias extremamente rígidas. A estratégia de controle de doença continua mais exigente ainda porque a vacina é somente uma das ferramentas de tudo o que a gente faz”, relatou.
Botelho frisou que os bovinos eram vacinados logo após o nascimento, mas a partir da implantação da determinação sem vacina, a imunidade do animal vai ficar aberta e, por isso, a importância de monitorar as barreiras agropecuárias, atualmente com cinco barreiras em Roraima, e a fiscalização por parte dos agentes sanitários.
De acordo com dados da Aderr, em todo o Estado, são 815 mil cabeças de gado, com a maior parte no município de Mucajaí, com 127.819, seguido de Amajari, com 100.811, e Alto Alegre, com total de 84.486. Em Roraima, com a última campanha de vacinação, foram calculados 98% de cobertura vacinal.
Para controlar todo o rebanho, a agência já está realizando reuniões e comitês municipais junto aos pecuaristas para informar as vantagens do novo certificado. “É por isso que a retirada de vacina demora vários anos no País. Não vai ter danos comerciais porque os outros estados vão retirar também. Então, Roraima não deve sofrer consequências com isso, pelo contrário, o nosso sonho é retirar a vacina”, prosseguiu o veterinário.
CRISE – Mesmo durante a crise financeira enfrentada no Estado, Botelho garantiu que não houve pausa durante as atividades de vacinação, justamente pelo trabalho feito por meio de convênios federais. “Nós nunca baixamos a guarda, principalmente porque temos o apoio do Ministério da Agricultura na fronteira. Tínhamos recursos federais, estaduais e de arrecadação própria”, justificou.
“O principal é que os produtores fiquem tranquilos, que são os maiores beneficiados e que a partir desse livre sem vacinação, vão conseguir acessar novos mercados que valorizem ainda mais o nosso produto. As fiscalizações e as vigilâncias vão ser mais intensas, assim como as barreiras serão mais rígidas”, encerrou.
Confira o calendário previsto pelo Mapa para retirada da vacina em todo o País
Conforme nota técnica da Agência de Defesa Agropecuária (Adapec), o Tocantins ficará proibido de comercializar animais, produtos e subprodutos para os Estados vizinhos durante o período de um ano, entre maio de 2020 e maio de 2021, até que seja livre de aftosa sem vacinação.
Os Estados vizinhos, Maranhão, Piauí e Pará, fazem parte de blocos diferentes e tirarão a vacina um ano antes do bloco 4, do qual o Tocantins faz parte. Somente com autorização em situações previstas por lei, será permitida a comercialização entre essas localidades.
Na divisão feita pelo Mapa, Rondônia e Acre, que compõem o bloco 1, irão suspender a vacinação em 2019. Em 2020, está prevista a retirada da vacina no Amazonas, Pará, Amapá e Roraima (bloco 2) e de Alagoas, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí e Rio Grande do Norte (bloco 3). Em 2021, encerra-se a vacinação na Bahia, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, Sergipe, São Paulo e o Tocantins (bloco 4).
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina (Bloco 5), este último único Estado considerado livre da febre aftosa sem vacinação, também devem suspender a vacinação em 2021. A previsão é que, até 2023, o Tocantins e o restante do País poderão ser reconhecidos pela Organização Mundial de Saúde Animal como livres da febre aftosa sem vacinação. (A.P.L)