Cotidiano

Moradora denuncia falta de solução para vala há 25 anos

Toda chuva, mulher diz que sua casa fica alagada e ela acaba perdendo móveis

FABRÍCIO ARAÚJO

Colaborador da Folha

A aposentada Maria Rita procurou a Folha para denunciar o descaso das autoridades com uma vala que existe nos fundos de sua casa. Ela relatou que vive no imóvel, localizado na Rua Raimundo Penafort, bairro Cambará, há 25 anos, e que sempre sofre com o alagamento de sua residência quando chove.

Maria mostrou à equipe da Folha uma marca na parede de sua casa que, de acordo com ela, se trata da altura que água atinge, cerca de dois palmos acima do chão, o que resulta em danos nos móveis da aposentada. Somente no último ano, três guarda-roupas ficaram inutilizáveis e durante as duas décadas e meia em que vive no local ela já perdeu diversas geladeiras e “aprendeu” que não pode ter um sofá.

“Eu fico agoniada. Às vezes, de madrugada, a gente nunca sabe a hora que a chuva vem. E quando chove, preciso colocar todas as minhas coisas em cima de caixotes de madeira, senão fica tudo dentro de uma ‘lagoa’. Todos os anos eu perco vários móveis”, relatou Maria Rita.

Na vala há ratos, cobras e mosquitos que acabam representando risco de doença para quem mora perto.  Maria Rita contou que já passou quatro anos sofrendo com dengue, o que ocasionou até na perda da fala, e atualmente está se recuperando da chikungunya. As articulações de seus dedos e as pernas ainda estão muito inchadas.

Aposentada Maria Rita frequentemente adoece devido a mosquitos vetores e já perdeu vários móveis com alagamento da vala; Prefeitura não respondeu questionamentos da reportagem (Foto: Priscilla Torres/Folha BV)

“Tem dias que eu não aguento nem levantar da cama. Ando com dificuldades por causa das minhas juntas. Não posso viver assim para o resto da vida e não tenho condições de ‘subir’ a minha casa”.

A moradora garantiu que já fez todo tipo de denúncia possível em veículos de comunicação e também para autoridades, mas a única resposta que recebe é que se trata de um espaço de preservação ambiental e nada pode ser feito.

“Eu faço reclamações o tempo todo. Já fui atrás da prefeita, mas nunca veio ninguém até o fundo deste quintal para ver a situação dessa vala”, disse a aposentada, acrescentando que “já teve cobras que comeram até os frangos que os outros criam”.

Os terrenos que ficam no local onde a vala está, parecem abandonados. Há muito mato e, de acordo com Maria Rita, nunca foi realizada uma limpeza no local. Durante o verão, algumas pessoas chegam a colocar fogo na área. A moradora disse ainda que nunca viu ninguém se manifestar e dizer ser responsável pelo terreno. Mas atualmente há uma equipe da prefeitura realizando obras bem perto de seu imóvel.

“Acho que essas obras só irão piorar a situação porque quando a pancada d’água entrar por ali, vai alagar tudo mais ainda. E o problema é que não enche só pela vala, a rua da frente também fica alagada”, declarou.

PREFEITURA NÃO RESPONDE – A reportagem entrou em contato com a Prefeitura de Boa Vista para obter informações sobre as obras realizadas no bairro Cambará, bem como sobre as reclamações de Maria Rita em relação à vala e sobre nada ter sido feito nos últimos 25 anos. Mas, como ocorre frequentemente, o Executivo Municipal não respondeu aos questionamentos da Folha. (F.A)