A Folha entrou em contato com a Polícia Civil, que informou estar fazendo um levantamento do número oficial de homicídios registrados em 2018. Por outro lado, conversou com o delegado-geral de Polícia Civil, Herbert Amorim Cardoso, para saber sobre as ações de combate às organizações criminosas que atuam em Roraima e os motivos pelos quais acredita na redução do número de mortes nos últimos meses.
“Na verdade, essa intervenção no sistema prisional está contribuindo muito para essa redução. O PCC [Primeiro Comando da Capital] foi neutralizado dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo [Pamc]. O sistema está atuando e os líderes não estão tendo contato com o exterior, então não tem comando para executar as mortes. Isso tem sido o fato fundamental”, constatou o delegado.
Outro ponto ressaltado por Amorim é que o primeiro ato de sua gestão foi fortalecer o trabalho da Delegacia Geral de Homicídios (DGH), lotando novos escrivães na especializada, uma nova delegada. Ele afirma ter solicitado ainda que o Núcleo de Investigação de Pessoas Desaparecidas (NIPD) trabalhe com a DGH e revelou que a diretora do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) também vai ajudar na apuração dos inquéritos.
“Então, é uma força-tarefa concentrada na Delegacia de Homicídios para tentar ao máximo reduzir esses altos índices de homicídios, um dos piores crimes depois do latrocínio, que é o roubo qualificado pela morte. A gente observa que a maioria das mortes ocorre em razão do tráfico de drogas e de facções”, sustentou Amorim.
Sobre o sentimento de insegurança, a autoridade policial relatou que se trata de um fato relativo, considerando que a população se sente segura ao ver uma viatura passando em frente suas casas, de modo que a presença policial traz a sensação de segurança e lembrou que aos fins de semana a Polícia Militar executa a Operação Saturação, com o objetivo de prevenir a prevalência dos crimes de morte na capital.
“Os crimes estão sendo apurados e solucionados. Para todos eles, é instaurado inquérito, feita investigação e, na maioria dos casos, temos êxito. A partir do momento que é noticiado encontro de cadáver ou de uma morte, imediatamente os agentes de polícia são acionados, eles vão ao local do crime, é acionada a perícia criminalística, o IML [Instituto de Medicina Legal] e a partir dali são feitos os primeiros levantamentos”, detalhou o delegado.
Sobre a possibilidade das facções terem adotado novos líderes para dar continuidade às mortes de membros dos grupos rivais, o delegado-geral mencionou o trabalho desenvolvido pelo Distrito de Repressão às Ações Criminosas Organizadas (Draco) está fazendo o mapeamento dos integrantes de facção que foram presos, dos materiais encontrados dentro da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc), apurando as informações dos celulares.
“Estamos fazendo um grande levantamento e tentando identificar esses novos chefes de facções. Estamos trabalhando em conjunto com a Inteligência da Sejuc [Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania], com o Departamento de Inteligência das polícias Civil e Militar, todas as unidades para o combate ao crime organizado. Estamos trabalhando muito para dar sensação de segurança para a população. Vamos colocar a polícia nas ruas mesmo com as dificuldades financeiras do Estado. Não podemos parar e cruzar os braços. Queremos pedir que a população confie na Polícia Civil que é o escudo dela. As pessoas podem denunciar porque as informações nos ajudam a elucidar vários crimes”, finalizou Herbert Amorim. (J.B)