Há mais de 20 dias, diversos servidores concursados da Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima) esperam respostas sobre a suspensão da lotação nos postos de trabalho no Matadouro Industrial (Mafir). A situação teve início após o fechamento do abatedouro em 20 de janeiro com a justificativa de falta de transporte e alimentação para os trabalhadores.
Um grupo de funcionários procurou a Folha para denunciar o problema e informou que são 88 servidores nas mesmas circunstâncias. Eles não quiseram ser identificados por medo de represálias por parte da direção da Codesaima. Não houve interferência nos salários dos servidores que estão com os contratos atrasados, mas eles temem que haja uma demissão em massa.
“Providenciaram um relatório técnico alegando más condições no Mafir, mas isso não é verdade porque passou recentemente por uma reforma. Teve uma fiscalização federal, que foi o Ministério do Trabalho que fez, antes dos efetivos entrarem. Hoje, a Companhia se encontra em intervenção judicial originada pelo Ministério Público do Trabalho que pediu a exoneração dos comissionados para chamar os concursados”, explicou um dos servidores.
Os servidores, que realizaram concurso em 2017, tomaram posse e criticaram a possibilidade de não serem chamados para trabalhar. Segundo eles, ao tentarem conversar com a diretoria, tiveram como resposta que não haveria outras medidas enquanto a Codesaima estivesse sob intervenção.
Para tentar tomar alguma medida e evitar que fossem demitidos, o grupo formou uma comissão de servidores e entrou com uma audiência no Ministério Público do Trabalho, em que informaram que os concursados do ano de 2004 foram realocados em outras diretorias da Codesaima e que somente os mais recentes tiveram os contratos interrompidos.
PREJUÍZO-De acordo com o documento da ata feita na tarde de ontem, 11, além do receio da demissão, eles informaram que o fechamento do Mafir representaria um “prejuízo à sociedade de modo que inviabilizará o acesso à carne com preço mais em conta, de modo que pequenos e médios pecuaristas e marchantes optam pelo abate”.
O grupo garante que as medidas tomadas pela direção estariam ligadas a interesses particulares e temem que haja um monopólio em relação ao abatedouro no Estado, já que não há cobrança para o abatimento de animais bovinos e suínos no Mafir.
“O matadouro vinha em plena operação, em dezembro foram abatidos mais de mil animais. A alegação deles é de que não tinha como arcar com a estrutura e nós ficamos a ver navios”, disse outro servidor.
“Ele [diretor-presidente da Codesaima] falou que não sabe qual vai ser o futuro da gente porque não vai estar mais nas mãos dele. Teve gente que deixou os empregos depois que passou no concurso. Um dano financeiro e moral. O governo continua contratando cargo comissionado e pretende abrir um processo de servidores efetivos. É a incerteza do nosso futuro”, completaram os membros do grupo.
Codesaima afirma que irregularidades foram encontradas dentro do Mafir
Por meio de nota, a Companhia de Desenvolvimento de Roraima (Codesaima) informou que o Matadouro Frigorífico Industrial de Roraima (Mafir) teve suas atividades suspensas em virtude do Relatório de Não Conformidade n° 01/2019, emitido pelo Serviço Especializado em Medicina e Segurança do Trabalho (SESMT) composto por engenheiros e técnicos em segurança do trabalho da Companhia.
“No referido relatório, foram apontadas diversas irregularidades no Mafir, que colocavam em iminente risco a segurança e a saúde dos empregados que são lotados lá. Diante do quadro apresentado, foi imperiosa a suspensão imediata das atividades”, relatou a nota.
Esclareceu ainda que, ao mesmo tempo, foi determinada a criação de uma comissão com especialistas em segurança do trabalho para fazer o levantamento do que será necessário para promover a regularização do Mafir, bem como o custo que irá representar, para que o matadouro volte a funcionar.
A Codesaima justificou também que até que seja normalizada a situação, os abates estão suspensos.
“Parte dos empregados foi realocada para a sede e os demais estão com o contrato de trabalho interrompido, mas não há prejuízo do recebimento dos salários, que serão pagos normalmente enquanto perdurar a situação. Esses empregados serão reintegrados quando o matadouro voltar a funcionar”, finalizou. (A.P.L)