A baixa cobertura vacinal e a necessidade de ampliar a imunização contra doenças que já haviam sido eliminadas ou erradicadas, mas que voltaram a circular no País, como o sarampo, levaram o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, a propor um novo pacto sobre vacinação na quinta-feira, 14. A proposta foi feita durante reunião da Comissão Intergestores Tripartite (CIT), que contou com representantes das secretarias estaduais e municipais de Saúde, além do governo federal. Atualmente, os Estados do Amazonas, Roraima e Pará estão com transmissão ativa do vírus por registrarem casos confirmados recentes.
Os dados são ainda mais preocupantes nos Estados com surto: no Pará, 83,3% dos municípios não atingiram a meta; Roraima atingiu 73,3% e o Amazonas, 50%.
Em Roraima, apenas 4 dos 15 municípios atingiram a meta de cobertura vacinal de sarampo, que é igual ou maior que 95%, segundo informação do Núcleo Estadual do Programa Nacional de Imunização (NEPNI), órgão ligado à Secretaria Estadual de Saúde (Sesau).
De acordo com o núcleo, os municípios ainda estão repassando dados sobre a cobertura vacinal contra o sarampo e estes índices estão sujeitos a alterações.
Os municípios de Roraima que atingiram a meta vacinal foram: Uiramutã, com 96,84%; Caroebe, com 108,22%; Bonfim, com 260,82%, e Pacaraima, com 301,12%. Por outro lado, Rorainopólis, teve apenas 9,39%; Cantá, 29,52%; Alto Alegre, 39,78%; e Caracaraí, 49,18%. Estes são os municípios com piores índices de cobertura vacinal no Estado e não atingiram sequer metade da meta.
Já os municípios de Amajari, com 51,72%; São João da Baliza, 61,54%; Mucajaí, 67,77%; São Luiz, 69,88%; Boa Vista, 77,80%; Normandia, 79,34%; e Iracema, com 89,23%, estão na zona intermediária, mas não atingiram a meta de até 95% e fazem parte da lista dos 2.751 municípios do Brasil que preocupam as autoridades sanitárias.
O Ministério da Saúde informou que os dados mais atualizados de sarampo são de 28 de janeiro e contam com informações repassadas pelas secretarias estaduais de Saúde. Atualmente, três estados ainda apresentam transmissão do vírus: o Amazonas, com 9.803 casos confirmados, Roraima com 355, e o Pará, com 62.
Desde fevereiro de 2018 até 21 de janeiro deste ano, foram confirmados 10.302 casos de sarampo no Brasil. Os registros notificados e confirmados de sarampo no País estão em uma curva decrescente, o que reforça a importância das ações de bloqueio da doença com intensificação de vacinação nos Estados.
Porém, permanecem em investigação 50 casos de sarampo em Roraima, Amazonas e Pará, sendo 33 notificados pelos Estados em janeiro e início de fevereiro deste ano. Os registros estão sendo investigados e é aguardado o resultado dos exames laboratoriais para melhor entendimento do cenário de 2019.
“Nós vamos ter que refazer o pacto sobre vacina neste País. O índice de vacinação está perigosamente baixo. Alguns Estados dizem que está muito bom, mas enquanto todos não estiverem com níveis elevados de vacinação, os caminhos estarão abertos para a disseminação do vírus”, alertou o ministro da Saúde.
EFICÁCIA
A vacinação é a forma mais eficaz e segura para prevenção de doenças como o sarampo. Em 2018, o Brasil enfrentou um grande surto de sarampo, envolvendo 11 estados, com 10.302 casos confirmados, sendo 90% deles concentrados no Amazonas. A concentração ocorreu entre junho, julho e agosto. A partir de setembro do ano passado, já foi possível perceber queda de registros, observada também em outubro.
Em 2019, no entanto, ainda há registro da circulação do vírus do sarampo no País. Até o momento, três casos foram confirmados laboratorialmente no município de Prainha, no Pará.
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferta gratuitamente duas vacinas que protegem contra o sarampo: a tetraviral que protege, além do sarampo, contra a rubéola, caxumba e varicela, e é administrada aos 15 meses, e a tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), também aos 15 meses.
Para os Estados que estão abaixo da meta de vacinação, o Ministério da Saúde tem orientado os gestores locais que organizem suas redes, inclusive com a possibilidade de readequação de horários mais compatíveis com a rotina da população brasileira. Outra orientação é o reforço das parcerias com as creches e escolas, ambientes que potencializam a mobilização sobre a vacina por envolver também o núcleo familiar.
O Ministério da Saúde ainda reforça que todos os pais e responsáveis têm a obrigação de atualizar as cadernetas de seus filhos, em especial as crianças menores de cinco anos, que devem ser vacinadas conforme esquema de vacinação de rotina.