Um passageiro foi detido com 160 pássaros silvestres no Aeroporto Internacional de Brasília na última segunda-feira, 18. O infrator saiu de Boa Vista e passou batido pela fiscalização local com as aves da espécie canário-da-terra-verdadeiro, caracterizando crime ambiental de tráfico de animais.
Segundo informações da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF), testemunhas escutaram o canto dos pássaros na sala de espera do aeroporto, por volta das 8h da manhã de segunda. Por desconfiar do passageiro que fazia conexão na cidade, entraram em contato com a Polícia Militar.
A PM-DF, então, acionou a Polícia Federal que deteve o homem com as aves dentro de uma mala. Ele tentava embarcar para Ribeirão Preto, em São Paulo.
Em vídeo divulgado pela PM-DF, policiais mostram os pássaros em uma gaiola e chegam a afirmar erroneamente que as aves eram de Rondônia (RO), confusão de costume com as siglas dos Estados da Região Norte. Porém, a Folha confirmou com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) que o passageiro embarcou de Boa Vista.
PENALIDADE – O infrator, de 55 anos, foi encaminhado até a sede da Superintendência da PF em Brasília, onde foi autuado por crime ambiental. Ele também assinou um termo de comprometimento de que irá comparecer à Justiça e foi liberado em seguida. A identidade do homem não foi revelada pela PF.
De acordo com o capitão Francisco Ponciano, comandante da Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa) da Polícia Militar de Roraima (PMRR), o crime de tráfico ilegal de animais silvestres é previsto na Lei de Crimes Ambientais por diversos motivos, entre eles, a questão de retirada do animal do seu habitat natural e de aprisionamento em cativeiro.
“Tem o agravante ainda no caso, se a pessoa tentar vender o animal”, explica. “Há punição tanto da parte criminal e punição administrativa, conforme o Decreto Federal nº 6514/2008. Tem toda uma responsabilização quanto ao fato, além de reparar o dano ambiental que foi causado”.
As aves foram levadas para o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, no Distrito Federal. Ontem, o Cetas confirmou por telefone à Folha o recebimento dos pássaros e explicou que os animais vão passar primeiro por uma triagem para depois ser definida a destinação.
A Folha também entrou em contato com a Polícia Federal em Roraima (PF-RR) para saber se houve falha ou falta de agentes para fiscalizar a embarcação de passageiros na madrugada de segunda-feira, em Boa Vista, momento em que o infrator saiu do Estado com as aves. Porém, não recebeu retorno até o fechamento da matéria.
CANÁRIO – O canário-da-terra-verdadeiro (Sicalis flaveola), também é conhecido como canário-da-horta, canário-da-telha, canário-do-campo, chapinha, canário-do-chão, coroinha e cabeça-de-fogo. A ave é admirada pelo canto forte e estalado e por isso é frequentemente colocada em cativeiro. Segundo o Ibama, a ave está entre as dez mais apreendidas no Brasil.
A cor do pássaro, de um amarelo vibrante, foi inclusive o que influenciou o apelido e o mascote da Seleção Brasileira de Futebol, também chamada de “Seleção Canarinho”. (P.C.)