
A Guiana informou que um barco da guarda costeira da Venezuela entrou nas águas de seu domínio e abordou uma plataforma de extração de petróleo da ExxonMobil. O caso foi revelado pelo presidente guianense Irfaan Ali.
No fim de semana, o líder do País convocou o embaixador venezuelano para registrar protesto formal sobre o assunto e disse que vai denunciar o caso à Corte Internacional de Justiça (CIJ). “Continuaremos a buscar soluções diplomáticas, mas não toleraremos ameaças à nossa integridade territorial. Nossas equipes de segurança e relações exteriores estão totalmente engajadas e estamos monitorando de perto todos os desenvolvimentos”, disse Ali.
De acordo com o Stabroek News, esta foi a incursão mais séria da Venezuela em relação à extração de petróleo da Guiana. O portal enfatizou que o “incidente” revelou a incapacidade guianense de rastrear e interceptar embarcações estrangeiras no extremo leste costeiro.
As Forças Armadas da Guiana declararam que, em conjunto com aliados, avalia as implicações de segurança do caso e que permanecem proativas na manutenção da estabilidade do espaço marítimo do País.
Países reagem; Brasil silencia
Por meio do Escritório de Assuntos do Hemisfério Ocidental, os Estados Unidos ameaçaram “consequências” para a ditatura de Nicolás Maduro em caso de “novas provocações” e descumprimentos da decisão de 1899 que favorece a Guiana no domínio sobre o território de Essequibo, que representa 74% do território guianense.
“Os navios venezuelanos que ameaçam a unidade flutuante de produção, armazenamento e descarga (FPSO) da ExxonMobil são inaceitáveis e uma clara violação do território marítimo internacionalmente reconhecido da Guiana”, afirmou.
O Caricom (Comunidade do Caribe), formado por 15 países, a OEA (Organização dos Estados Americanos) e o Paraguai também condenaram a suposta invasão venezuelana. Até o momento, o Brasil não emitiu nenhum comunicado oficial sobre o caso. A França, por meio do Ministério das Relações Exteriores, pediu que a Venezuela respeite o acordo feito em 2023 com a Guiana para não usar a força durante o litígio.
Venezuela nega e prepara reação
A Venezuela, através das Forças Armadas Nacionais Bolivarianas, negou as acusações do presidente da Guiana sobre a passagem do Navio-Patrulha Oceânico AB GUAIQUERÍ (PO-11), em águas pendentes a serem delimitadas.
O comunicado assinado pelo ministro do Poder Popular para a Defesa, Vladimir Padrino López, esclareceu que a Marinha do País constatou, por imagens de satélite, a presença de 28 navios-sonda e petroleiros na área disputada que estariam violando o Direito Internacional com atividades de exploração e venda de hidrocarbonetos.
“Somos um país atacado por representantes do imperialismo norte-americano como a ExxonMóbil”, diz o texto, o qual enfatiza que a Guiana não tem base legal para dominar uma área onde não pode exercer nem soberania, tampouco jurisdição.
“Frente a estas incessantes investidas, a instituição armada, fiel a sua natureza anti-imperialista, se prepara em perfeita fusão popular militar policial para responder a qualquer ameaça e preservar a integridade territorial e paz da República”, finalizou.