Cotidiano

Fechamento da fronteira gera apreensão em Pacaraima

A decisão do presidente Nicolás Maduro é interpretada como uma maneira de impedir a entrada de ajuda humanitária

Por determinação do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, a fronteira da Santa Elena de Uairén foi fechada por volta das 20h desta quinta-feira, 21.

A medida havia sido anunciada no início da tarde, em cadeia nacional, sendo interpretada como uma maneira de impedir a entrada na ajuda humanitária por Pacaraima, Norte de Roraima.

Apesar de ser comum a Guarda Bolivariana impedir a passagem de veículos nesse horário, o clima nas duas cidades é de apreensão, uma vez que ambas dependem economicamente uma da outra.

Os venezuelanos, por exemplo, atravessam diariamente a fronteira para comprar alimentos e medicamentos, que passaram a custar bem menos que em seu país de origem. Os brasileiros, por outro lado, optam por ir até Santa Elena para comprar combustível, uma vez que Pacaraima não dispõe de posto.

De acordo com imigrantes que atravessaram a fronteira antes de seu fechamento, a orientação dada pelos homens do exército venezuelanos é de evitar a passagem pela aduana, do contrário vão ficar impedidos de entrar ou sair do país. Os reflexos dessa decisão só devem ser conhecidas a partir das 7h desta sexta-feira, 22.

Hoje, o comércio de Pacaraima fechou as portas por volta das 20h. O clima é tranquilo, mas os moradores não escondem o receio do que pode acontecer nos próximos dias. Para amanhã, está prevista a chegada das doações que serão repassadas aos venezuelanos, atendendo assim ao pedido de Juan Guaidó, autoproclamado presidente interino da Venezuela.

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QUEDA DE BRAÇO – O clima de tensão entre a Venezuela, Brasil e Colômbia iniciou quando os dois países declararam não reconhecer o mandato do presidente Nicolás Maduro. Essa decisão também arrastou outros países, incluindo os Estados Unidos, que tem feito severas críticas ao governo venezuelano.

Para Maduro, a entrada da ajuda humanitária no país se trata de uma intervenção militar estrangeira patrocinada pelo presidente norte-americano Donald Trump.

A entrega de mantimentos ao povo venezuelano, segundo o porta-voz da Presidência da República, Otávio do Rêgo Barros, deve ocorrer no sábado, 23. Os produtos chegam a Boa Vista nesta sexta-feira e sequem para Pacaraima. A ideia é que voluntários do país vizinho atravessem a fronteira para levar as doações para a Venezuela.

Repórteres do Grupo Folha BV já estão em Pacaraima para acompanhar toda a movimentação durante estes dois próximos dias na região.