Moradores do bairro São Bento se assustaram ao encontrar centenas de peixes mortos no igarapé Grande, que passa à margem da Avenida Brasil. Sem maiores explicações sobre o que teria provocado a mortandade, uma das residentes filmou e disse que estava ocorrendo o despejo de esgoto no lago, resultando na falta de oxigênio para os animais.
Tudo começou há três dias, conforme relatou o autônomo Mário Rodrigues. Segundo ele, o cheiro estava quase insuportável.
“O igarapé ficou branco, cheio de peixes. A água já levou tudo. Não sei o que aconteceu, as pessoas até pescavam lá, mas agora não querem nem chegar perto porque foi contaminado”, relatou.
Com o passar do tempo, os peixes foram sendo levados para desaguar no Rio Branco e, até ontem, 21, havia poucos animais nas margens do igarapé. Por trás da casa do músico Beto Soares, onde passa o lago, o cheiro ainda estava forte.
“É um bueiro de uma fossa. Faz tempo que tem isso e libera um líquido para dentro do igarapé”, destacou.
Ele criticou a situação e garantiu que não é incomum encontrar os peixes mortos, tendo sido feitas várias vezes denúncias para a Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr), mas sem solução até o momento. Dos três anos em que mora no bairro, Soares já viu algumas vezes o mesmo cenário.
César Flores, que mora com o tio, afirmou que o cheiro ficou tão forte que quase não conseguiam sair de casa. Ele mostrou para a equipe de reportagem a extensão do igarapé, que tem a água esverdeada e com visível sujeira que a deixa com aspecto de contaminada, e disse que viu diversos tipos de peixes mortos, mas não sabia o que tinha motivado a morte dos animais.
Caerr diz que lixo doméstico ocasionou problema em igarapé
(Foto: Priscilla Torres/Folha BV)
Elizângela Rodrigues, diretora de Gestão Ambiental da Companhia de Águas e Esgotos de Roraima, garantiu que a morte dos peixes foi resultado de um grande acúmulo de lixo doméstico, galhadas e pneus sendo despejados no igarapé.
“Com isso, houve um represamento [do igarapé] e, com o baixo índice de chuvas, provavelmente deve ter faltado oxigênio para os peixes”, relatou.
A diretora disse que ao saber do problema, a Caerr enviou uma equipe ao local para analisar a água e monitorar, além de retirar o lixo para que ela flua normalmente. Elizângela destacou que não há despejo de líquidos irregulares no igarapé e descartou que a situação fosse frequente, conforme havia sido dito pelos moradores.
“O cheiro é forte porque antigamente ali [bairro São Bento] era um lixão. O igarapé não está contaminado, temos as análises das amostras e tem um índice mínimo que é suportável. O odor é decorrente do lixo”, completou. Uma nova amostra foi coletada para saber se havia qualquer substância na água. O resultado deve sair em cinco dias.
A diretora acredita não haver possibilidade de o Rio Branco ser contaminado pelos peixes mortos no igarapé, principalmente porque, de acordo com ela, a quantidade de animais não era grande. (A.P.L)