Cotidiano

Esporte radical põe vidas em risco em RR

Praticado na ponte dos Macuxi, o pêndulo ou rapel tem registrado acidentes que por pouco não provocam tragédias

Uma prática comum dos amantes de esportes radicais é o rapel na ponte dos Macuxi. Todos os finais de semana, a cabeceira da ponte sobre o Rio Branco é ocupada pelos praticantes da atividade, que ainda não é regulamentada como um esporte. No sábado passado, foi amplamente divulgado nas redes sociais um vídeo que registrou o momento em que um rapaz cai no rio após pular da ponte.
O pêndulo ou rapel é uma atividade em que os participantes, amarrados a uma corda semielástica, pulam da estrutura e ficam balançando de um lado para o outro até parar. A velocidade após o salto pode chegar até 100 km/h. Todo o processo tem duração de cerca de 10 minutos.
O esportista Gilmar Goiano praticava rapel na ponte dos Macuxi há alguns anos. Ele relatou que deixou o local após a prática ter se tornado comum. “Muitos grupos formados por pessoas sem experiência começaram a pular de rapel da ponte. Alguns tiveram algumas aulas com militares, nada regulamentado. Eles até saltavam sem os devidos equipamentos. Antes de presenciar qualquer fatalidade, deixei de frequentar o local”, disse.
O jovem Mardem Peroba, 27, quase perdeu a vida enquanto praticava pêndulo. A ação foi gravada em vídeo. Amarrado a uma altura de aproximadamente 15 metros na borda da ponte, o jovem saltou e a corda rompeu durante a queda. Ele caiu em uma parte rasa do rio, conseguiu se levantar sozinho e caminhou desorientado até a margem.
O rapaz disse que foi convidado para praticar o esporte por uma pessoa da equipe e, como não tinha experiência em saltos, não conhecia os equipamentos, nós e amarrações de cordas. “Ou seja, confiei totalmente nos integrantes da equipe. Após o salto, ninguém soube dizer o que tinha ocorrido, mas tinha uma pessoa que filmava tudo lá de cima da ponte. Este vídeo mostra os integrantes da equipe colocando e vistoriando o equipamento em meu corpo. Neste mesmo vídeo, percebe-se que os tirantes de seguranças da cadeira de salto [boldrié] não foram devidamente travados pelo rapaz da equipe”, disse.
O jovem explicou que, após o acidente, os integrantes da equipe entraram em contato com ele pedindo desculpas. “Eu repreendi a prática da atividade sem a segurança necessária e pedi para tomarem cuidado para que não acontecesse com outra pessoa. Não tenho intenção de processar as pessoas que lá estavam. Apenas divulgar para que outras pessoas não exerçam essa prática”, disse.
GOVERNO – Conforme nota da Secretaria de Comunicação do Governo do Estado, a estrutura da ponte dos Macuxi é de responsabilidade do Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte (Dnit). No entanto, conforme o artigo 254, do Código de Trânsito Brasileiro, é proibido pedestre utilizar-se da via em agrupamentos capazes de perturbar o trânsito, ou para a prática de qualquer folguedo, esporte, desfiles e similares, salvo em casos especiais e com a devida licença da autoridade competente, que deve autorizar e fiscalizar.
As infrações mencionadas se enquadram na categoria leve e a penalidade é de multa, em 50% do valor da infração dessa natureza, ou seja, R$ 26,60. O Governo do Estado informou que ainda não existe nenhuma lei federal que regulamente a prestação de serviços que ofereçam a prática de esporte radical ou de aventura, levando em conta comprovação de qualificação de instrutores e profissionais responsáveis pela preparação de locais e operação de equipamentos.
PROJETO – Um Projeto de Lei do Senado 403/05, de autoria do senador Efraim Morais (DEM-PB), aprovado em 2010 e encaminhado para votação na Câmara dos Deputados, foi arquivado no ano passado.
O projeto visava estabelecer regras de segurança para a utilização de equipamentos na prática de esporte de aventura ou radical, baseadas em entidade nacional de administração do desporto. A iniciativa foi tomada pelo parlamentar depois da ocorrência de graves acidentes na prática de esportes considerados de aventura ou radicais.