
O presidente do Tribunal de Justiça Desportiva (TJD-RR), Márcio Leandro Deodato Aquino, suspendeu preventivamente, por 15 dias, o zagueiro do Atlético Roraima, Lucas Camilo, denunciado por praticar xenofobia contra o árbitro venezuelano Daniel Alejandro. O atleta chegou a ser preso pela suposta discriminação e também por racismo.
A ordem publicada na sexta-feira (7) atende ao pedido da procuradoria desportiva, feito em denúncia ao TJD e, caso não seja revista, o capitão do Tricolor ficará fora da primeira fase da competição.
Nesta etapa do Estadual, o Roraima ainda enfrentará o Progresso, nesta segunda (10), o Grêmio Atlético Sampaio (GAS), no sábado (15), e o São Raimundo em jogo a ser marcado. O time é o sétimo – e penúltimo – colocado com dois pontos.
Na decisão, Aquino considerou que as ofensas “filho da p… volta para a Venezuela porque lá que é teu lugar“, no contexto da atual migração venezuelana, merecem ser reprimidas “exemplarmente”. Ele também enfatizou que o jogador, naquela ocasião, não deveria nem estar no estádio, porque cumpria suspensão automática pela expulsão na partida anterior.
“Não podemos baixar a cabeça com uma atitude reprovável, principalmente, partindo de um jogador que deveria ser exemplo com atitudes dentro e fora de campo”, destacou.
O presidente do TJD-RR também enfatizou que a prisão inicial de Lucas Camilo por xenofobia e racismo – revogada em audiência de custódia -, demonstra “a gravidade e excepcionalidade dos fatos”, o que requer uma “medida drástica” da Corte.
Agora, o processo passa a tramitar na comissão disciplinar, a primeira instância do tribunal que vai proceder com atos de intimação e designação de sessão de julgamento. Se condenado definitivamente, Lucas Camilo pode ficar de cinco a dez partidas sem jogar, além de pagar uma multa que varia de R$ 100 a R$ 100 mil.
O que diz a defesa do jogador
Procurado, o advogado do atleta, Adriel Galvão, confirmou que o Atlético Roraima foi notificado da decisão, disse que não há elementos para a suspensão do jogador e prometeu recorrer.
Além disso, ele criticou a decisão do presidente do TJD-RR. “Dizer que ‘o atleta não poderia estar no estádio, pois foi estava cumprido suspensão’, não é crível, pois é comum atletas não serem relacionados por estarem suspensos e assistirem jogos em todo o mundo, mas somente em Roraima ele não poderia”, disse. Adriel Galvão, que reiterou a inocência de Lucas Camilo sobre a acusação de xenofobia.
“Ora, ao passar pela Justiça, foi entendido pelo Judiciário como conduta ATÍPICA, ou seja, não é crime, mas mesmo assim o TJD-RR suspendeu por 15 dias, isso sim será passível de recurso por parte do Atleta e do Clube, em face da decisão que foi proferida pela Justiça Desportiva Roraimense de forma desacertada”, finalizou.
*Atualizado às 15h45