INVESTIGAÇÃO CONCLUÍDA

UFRR indefere matrícula de filha de empresário após investigação de fraude em cota para Medicina

Investigação apontou inconsistências entre a declaração de baixa renda e o padrão de vida da candidata.

(Foto: DIane Sampaio/FolhaBV)
(Foto: DIane Sampaio/FolhaBV)

A Universidade Federal de Roraima (UFRR) indeferiu a matrícula de uma candidata aprovada no curso de Medicina pelo sistema de cotas RFINA (Renda Familiar Inferior a um salário mínimo e ensino médio integral em escola pública) após investigação que apontou inconsistências entre sua declaração de baixa renda e seu padrão de vida. A decisão foi divulgada no Edital nº 35/2025, publicado pelo Departamento de Registro e Controle Acadêmico (DERCA) da UFRR nesta quarta-feira, 12 de março.

A candidata, filha de um empresário, teve sua matrícula indeferida após a UFRR analisar denúncias que apontavam indícios de fraude no sistema de cotas. A investigação foi iniciada após a repercussão de uma matéria publicada pela Folha de Boa Vista no dia 20 de fevereiro, que revelou possíveis inconsistências entre a condição socioeconômica declarada pela candidata e seu estilo de vida.

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Entre as evidências apresentadas estavam registros de viagens internacionais, participação em eventos de alto custo e vínculos familiares com empresários. Além disso, a candidata teria um histórico de indeferimento em processo similar na Universidade Federal do Amazonas (UFAM) por inconsistências na comprovação de renda.

A UFRR destacou que todos os candidatos que optam por concorrer no sistema de cotas devem apresentar documentação específica, que passa por avaliação rigorosa. Caso seja confirmada a fraude, a matrícula do candidato é indeferida, independentemente do momento em que a irregularidade for identificada.

No edital divulgado, a UFRR informou que a candidata teve sua situação final definida como “indeferida” após a análise de recursos e a comprovação das inconsistências. A decisão reforça o compromisso da universidade com a transparência e a integridade do processo seletivo, garantindo que as vagas destinadas a estudantes de baixa renda sejam ocupadas por quem realmente atende aos critérios estabelecidos pela Lei nº 12.711/2012, conhecida como Lei de Cotas.

A UFRR ressaltou ainda que possui uma Comissão Permanente de Heteroidentificação, responsável por analisar a autodeclaração de candidatos pretos, pardos ou indígenas, e uma Comissão de Análise Socioeconômica, que avalia a documentação dos candidatos que concorrem por cotas de renda.

A decisão da UFRR serve como alerta para que candidatos e suas famílias respeitem os critérios estabelecidos para o sistema de cotas, evitando práticas fraudulentas que prejudicam o acesso de estudantes que realmente necessitam das políticas de inclusão.

A Folha de Boa Vista tentou contato com a candidata e seu pai para esclarecimentos, mas não obteve resposta. Após a repercussão do caso, a candidata privou suas redes sociais, limitando o acesso às suas postagens.

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