Cotidiano

Taxa de desocupação em Roraima chega a 14%

Dados da PNAD-C apontam número histórico desde começo da pesquisa e jovens de até 24 anos representam maior taxa de desocupados; número de desalentados cai e é o menor do País

Roraima registrou a maior alta da taxa de desocupação da história, com 14% desde o início da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD-C), feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No quarto trimestre do ano passado, foram registradas 32 mil pessoas desocupadas, 12 mil a mais do que o mesmo período de 2017.

A taxa foi acima da média nacional, de 11,6%, e ficou 0,3 ponto percentual abaixo do trimestre anterior. Dos dados locais, os jovens roraimenses entre 14 e 17 anos representam a maior taxa, com 31,2% dos desocupados. Já entre 18 e 24, o percentual fica em 28,2%. Para o IBGE, os números desses grupos apresentaram um patamar superior ao estimado para a taxa média total. Das pessoas entre 25 e 39 anos e de 40 a 59 anos, os indicadores foram de 15% e 5,8%, respectivamente.

O nível de instrução dos desocupados roraimenses apontou que pessoas com ensino médio incompleto chegou a 20%. Já os que possuem ensino superior completo foi de 9,9%, a menor entre os grupos. Em relação à cor ou raça, 14,4% se declaram pardas e 12,7% pretas; das pessoas brancas, a taxa foi de 13,7%.

POPULAÇÃO OCUPADA – A PNAD-C calculou que a população ocupada em Roraima no quarto semestre foi estimada em 197 mil pessoas, sendo 66,9% composta por empregados. Os empregadores representaram 3,5% e as pessoas que trabalham por conta própria ficaram em 27,8%. As regiões Norte e Nordeste são as que têm os maiores percentuais de trabalhadores por conta própria, sendo 33,2% e 29%, respectivamente.

Em relação aos desalentados, pessoas que estão sem trabalhar e desistiram de procurar emprego, o contingente tem diminuído gradativamente no Estado desde o início de 2018, quando caiu de 14 mil no primeiro trimestre do ano para 10 mil no quarto, e teve o menor valor registrado das unidades federativas.

Economista acredita que investimentos no setor privado aumentam postos de emprego

Foi calculado ainda o rendimento médio real dos trabalhadores e em Roraima o valor foi estimado em R$ 2.174, o maior da Região Norte. O IBGE calculou uma estabilidade na estatística do rendimento em todas as regiões do País. Conforme explicou o economista Dorcílio Erik Souza, parte disso é explicada pela ocupação de pessoas nos setores públicos em Roraima, que faz com que a renda seja uma das mais significativas.

Das pessoas ocupadas, 26,3% estavam no setor público e 21% no privado e com carteira assinada. Os sem carteira assinada representaram 12,1% e 7,5%, e eram trabalhadores domésticos. Sobre o número de desocupados, o economista avalia que houve um aumento de pessoas procurando emprego no Estado devido à crise migratória venezuelana.

“Cada vez mais estão chegando mais pessoas e mais mão de obra disponível que vai contra o modelo econômico que o Estado tem, que infelizmente é baseado em cima do funcionalismo público. Ou seja, não temos um setor privado que tenha capacidade de absorver essa mão de obra estrangeira somada com a brasileira e as oportunidades de trabalho não aumentam na mesma proporção”, disse.

Souza apontou que a crise econômica enfrentada em âmbito estadual impacta diretamente nas contratações, principalmente no setor da construção civil. “Uma das maneiras de resolver só vai ser feita quando a participação do setor privado na economia aumentar. Temos um Estado que se baseia 80% no setor público. Para poder equilibrar as vagas de trabalho precisamos ampliar o crescimento econômico”, continuou.

Investimentos em infraestrutura, questões energéticas com a ligação do Linhão de Tucuruí e melhorias na barreira do Jundiá, na BR-174, são alguns dos pontos estruturais levantados pelo economista que precisam de resoluções para a criação de mais postos de emprego. Sobre as pessoas que trabalham por conta própria, o economista acredita que a taxa pode aumentar justamente pela falta da ampliação de vagas e pela limitação de contratação por conta dos orçamentos destinados ao setor público.

Além da iniciativa privada, Souza enfatiza que o Estado pudesse incentivar o empreendedorismo das pessoas que trabalham por conta própria, mas dentro da formalidade. “Fazer uma parceria com a agência de fomentos para financiar equipamentos e instituições do Sistema S para capacitar as pessoas que não encontram trabalho formal”, encerrou. (A.P.L)