Os problemas causados pelo fechamento da fronteira da Venezuela com o Brasil já começam a preocupar os produtores de soja no Estado. Entre eles, está o aumento de custos de produção da soja em Roraima devido à aquisição do calcário, produto que serve para corrigir o solo roraimense, que é comprado bem mais barato no país vizinho.
A análise é do produtor de soja Eduardo Paludo. Segundo ele, com a fronteira fechada e sem previsão de como será o desenrolar das negociações entre Brasil e Venezuela, a tendência é que os produtores do Estado passem a comprar o calcário no Pará e Amazonas, o que vai elevar o preço da produção de soja em Roraima já para o plantio deste ano, que deve começar em abril.
“Já era burocrático comprar calcário na Venezuela e com o fechamento da fronteira fica tudo mais difícil e compromete, em parte, o plantio deste ano”, afirmou. “Além do mais, o calcário da Venezuela é melhor e mais barato, e isso vai gerar um custo maior do plantio e aumentar o preço de venda da soja”, afirmou.
Paludo informou que os sojeiros, como são conhecidos os plantadores de soja, fazem parte da União dos Empreendedores do Estado de Roraima, e que, mesmo antes da crise na fronteira, já havia se reunido e buscado soluções para o problema.
“Para que não possamos ficar dependentes da Venezuela, a Secretaria de Agricultura já está elaborando um projeto para aquisição do calcário e viabilizar para os produtores, através de fonte e logística”, afirmou. “Vamos nos reunir novamente na segunda quinzena de março para definir alguns detalhes de como será feita essa compra de calcário pelo governo, a logística de trazer para Roraima e como será o repasse para os produtores”, disse.
Para Paludo, o maior problema será mesmo o valor da tonelada do produto, que estava sendo comprado na Venezuela por R$ 70 e no Brasil está em média por R$ 300, além do frete.
“Não sei falar quantas toneladas de calcário são necessárias para todos os produtores de Roraima, mas só para meu plantio, que no ano passado foi de 800 hectares, foram usadas duas mil toneladas. Isso vai encarecer muito o custo de produção e nos preocupa muito”, afirmou.
Ele destacou ainda a falta de grandes empresas para negociar a soja produzida no Estado, hoje vendida quase que na sua totalidade para o Grupo Maggy.
“O ideal seria ter mais empresas interessadas na compra, além do Grupo Maggy, isso elevaria o preço de mercado”, disse.
Uma pequena parte fica para a pecuária local, para as pequenas empresas de produção de farelo de soja e ração para peixes, caprinos e suínos.
Em 2018, o plantio foi de aproximadamente 40 mil hectares e a colheita de 120 mil toneladas do grão, cerca de 30 mil toneladas a mais do que em 2017. A estimativa para este ano é que ultrapasse os 60 mil hectares de área cultivada de soja.
GOVERNO – A reportagem enviou pedido para o governo solicitando detalhes do projeto que a Secretaria de Agricultura estaria elaborando para a compra de calcário e distribuição aos produtores, mas não houve retorno até o fechamento desta edição.