Política

Confusão e ameaças entre vereadores viram caso de polícia

Uma discussão entre o presidente e o vice-presidente da Câmara Municipal terminou na delegacia

Um atrito durante a sessão dessa terça-feira, 26, na Câmara Municipal de Boa Vista, envolvendo o presidente da Casa, Mauricélio Fernandes (MDB), e o vereador Júlio Cesar Medeiros (Podemos) interrompeu a sessão e virou caso de polícia com direito a registro de ocorrência.

Segundo informações de testemunhas, os dois parlamentares chegaram a gritar um com o outro, houve troca de palavrões e xingamentos a familiares.

A sessão foi encerrada e os vereadores chegaram a conduzir os envolvidos para a sala da presidência da Câmara, mas nova confusão teria ocorrido entre os parlamentares e o caso foi parar na delegacia.

O registro da ocorrência foi feito pelo presidente da Casa, Mauricélio Fernandes, que afirmou ter se sentido ameaçado pelo vice-presidente, Júlio Medeiros, que teria dito que atiraria na família do colega. O clima entre os dois esquentou e a sessão foi suspensa.

“Enquanto ele estava me xingando, me chamando de tudo que é nome, eu não perdi o controle, mas quando falou do meu filho e da minha esposa, aí ele mexeu com a pessoa errada.”

Segundo Fernandes, o colega teria se aborrecido por ele negar a empregar indicados políticos em cargos da Câmara.

“Júlio nunca está satisfeito e sempre quer mais e vinha me pressionando para fazer novas contratações visto que faço gestão compartilhada com os vereadores, garantindo apenas que as pessoas exerçam suas funções. Ele queria pedir vistas no aumento de salário do procurador e eu dei, mesmo não concordando, mas ele começou a me agredir, mas está fazendo questão por conta das contratações que não fiz em cargos que ele queria, mas os setores ainda não estão efetivados e não vou preencher cargos de forma irresponsável”, assegurou Fernandes.

O presidente da Casa rebate as denúncias feitas por Medeiros de que estaria escondendo informações sobre contratos públicos com empresas.

“As contas da Câmara são públicas. As finanças da Casa nunca foram tão transparentes como agora. Eu sempre deixei claro que o orçamento não é meu, mas da Câmara. Tudo é pago em dia e nunca teve problemas financeiros na minha gestão. Qualquer colega que vier me perguntar sobre qualquer contrato, eu pego e mostro. Não tenho razão pra ficar chateado com isso, pois já sou fiscalizado pelos órgãos fiscalizadores, então não tenho motivos para ter medo de ser fiscalizado.”

OUTRO LADO – O vereador Júlio Medeiros, em conversa com a Folha, disse que pediu que o presidente da Casa fizesse prestação de contas de sua gestão e denunciou que a Câmara estaria cometendo irregularidades em contratos e contratações, o que teria provocado a confusão.

O vice-presidente da Câmara garantiu que não ameaçou de morte o colega ou sua família e afirmou que a confusão começou quando pediu vistas em um projeto de lei que aumentava o salário de procurador da Câmara de R$ 8 mil para R$ 16 mil.

“O projeto ia ser tramitado e eu pedi vistas, e ele disse que ia apresentar uma emenda baixando de R$ 16 mil para R$ 12 mil e eu falei que ainda assim estava errado, pois constitucionalmente o teto é o salário do vereador e foi aí que começou a confusão”, afirmou.

Segundo Medeiros, o presidente da Casa foi quem o ameaçou por causa das denúncias que pretende fazer em relação à administração, e não o contrário.

“Ele quem me ameaçou e ainda estou me sentindo ameaçado. Eu nem me levantei e estava super calmo. Mauricélio ficou com raiva e me xingou por eu pedir cópia dos balanços de prestação de contas da Casa, que nunca foram feitos. Ele se levantou da mesa e falou que ia resolver isso comigo de um jeito ou de outro, e eu falei que se isso fosse uma ameaça, a bala que vem é a mesma que vai e que eu não tinha medo dele. A gente ficou brigando um com outro e foi isso que aconteceu”, explicou.

O vereador afirmou que a prestação de contas mensal da Câmara nunca foi feita e que é preciso dar contas de processos que foram alvo de denúncias como o de locação de imóvel e de gráficas.