Na semana passada ocupei o espaço nobre deste periódico para falar da morte do ator Gene Hackman, encontrado morto ao lado da esposa Betsy Arakawa e da cadela Zinna, no mês passado. Caso que foi notícia mundial, por envolver um consagrado astro de Hollywood, ganhador de dois Oscares.
Retomo o tema, pois na crônica “A solidão não chega de repente”, alguns leitores me escreveram para comentar sobre o assunto.
Socorro Branco, do Rio, escreveu: “Morre-se também de esquecimento. Curioso que ele tivesse 3 filhos e não tenham percebido o silêncio dele por uma semana. Talvez não se dessem bem, ou não gostassem da atual esposa. Mas, para nós brasileiros, é estranho. Para mim, o pior da velhice é quando se perde a autonomia e avanca-se no território da dependência dos outros. Não há lugar para uma pessoa nessas condições na nossa sociedade. Depois dos 50, especialmente dos 60, já é dificil se manter relevante, no proscenio, dá um trabalho danado. Os mais jovens estão prontos para nos descartar. Com as novas tecnologias, nem se fala. Imagina aos 90!”.
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João Santos, leitor de Salvador, enviou: A vida muitas das vezes mostra sua face mais cruel na velhice, quando deixamos de ser úteis e passamos a ser peso para filhos e família em geral”.
Sônia, leitora assídua e que sempre opina: “Meu Deus, se isso aconteceu com um astro do cinema mundial, imagina com os pobre mortais”.
Gene Hackman nunca fora um pobretão, ao contrário. O testamento de Gene Hackman foi divulgado e, segundo o jornal britânico Daily Mail, o ator deixou sua fortuna de US$ 80 milhões, ou R$ 459,3 milhões, para sua mulher Betsy Arakawa –encontrada morta junto do ator, em 26 de fevereiro. Ele e a esposa Betsy, optaram por morar somente os dois, sem cuidadores e/ou empregados, talvez por acreditarem que Betsy, trinta anos mais nova que o marido, tivesse condições físicas e mentais para tomar conta dele e da casa.
No ano passado no Japão, quatro mil pessoas foram encontradas morta em seus aptos, um mês após o falecimento. A maior parte delas tinha mais de 65 anos. Um dado alarmante e mesmo chocante, que mostra para nós a vulnerabilidade e o pacto do isolamento e solidão na velhice.
A solidão é um problema global e, cada vez mais, uma realidade dolorosa que afeta idosos, trazendo consigo consequências graves para a saúde física e mental. Nos últimos anos, diversas iniciativas têm buscado combater esse problema, incluindo a distribuição de animais de estimação para idoso.
A solidão na velhice é mais do que um sentimento desagradável; é uma questão de saúde pública. Pesquisas indicam que a solidão pode ter um impacto tão prejudicial quanto fumar 15 cigarros por dia. Eatá associada a um maior risco de doenças cardiovasculares, demência, acidente vascular cerebral, depressão, ansiedade e morte prematura.
Segundo especialistas, “A solidão é um impulso biológico, assim como a fome e a sede, e a solução deve envolver conexões sociais consistentes e significativas”.
Pesquisas indicam que a solidão pode ter um impacto tão prejudicial quanto fumar 15 cigarros por dia, segundos estudos da Universidade de Cambridge, Inglaterra. Ela está associada a um maior risco de doenças cardiovasculares, demência, acidente vascular cerebral, depressão, ansiedade e morte prematura..
É essencial ouvir as vozes dos idosos, respeitar sua autonomia e incentivar a participação ativa na comunidade. Todos nós precisamos de ajuda em algum momento da vida, mas é vital reconhecer que os idosos sabem o que é melhor para eles e merecem ser tratados com dignidade e respeito.
A solidão pode ser um desafio complexo, mas com abordagens multifacetadas podemos criar um ambiente mais acolhedor e saudável para os idosos. Inovações tecnológicas e ações com foco na autonomia e nas relações sociais auxiliam nesse processo.
Luiz Thadeu Nunes e Silva
Engenheiro Agrônomo, escritor e globetrotter. Autor do livro “Das muletas fiz asas”.
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