Após sofrer críticas por tirar uma foto com grupos suspeitos de integrar guerrilha paramilitar aliada ao governo de Nicolás Maduro na Venezuela, o governador Antonio Denarium (PSL) explicou que não participou de nenhum encontro politico e que sua ida até a fronteira teve como único objetivo facilitar a retomada das negociações comerciais entre Roraima e a Venezuela.
Por conta do encontro, o senador Telmário Mota (Pros) publicou em rede social, na tarde dessa quarta-feira (6), que vai protocolar um pedido de impeachment contra o governador de Roraima por crime de responsabilidade. Ele disse que o pedido será protocolado na Assembleia Legislativa nesta sexta-feira, 8.
O governador disse que os ataques que vem sofrendo são produzidos por políticos que nada fizeram por Roraima.
“Tem muitas pessoas que nunca fizeram nada por Roraima, nunca trabalharam por Roraima e torcem contra Roraima tentando desvirtuar aquela reunião. O encontro foi aberto ao público e tinha mais de cem pessoas lá no local, entre venezuelanos e brasileiros. Vários tiraram fotos comigo e nem todos sei quem eram. Não teve nada escondido, nenhum tipo de negociação, foi apenas o início de um entendimento”, afirmou.
Denarium explicou que antes de se reunir com o governador do Estado Bolívar na Venezuela, ligou para o general Heleno [O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República (GSI), Augusto Heleno], informado da situação e também conversou com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo.
“Os dois me autorizaram a ir lá representar o Brasil na conversa com o governo venezuelano por esse entendimento da reabertura da fronteira. Assim que a reunião terminou, recebi a ligação lá de Brasília do presidente Bolsonaro me informando sobre aprovação para a obra do Linhão de Tucuruí como uma obra de interesse nacional. Sou um governador do mesmo partido do presidente da República e estou alinhado e apoio todas as decisões do governo federal. A reunião foi apenas de cunho comercial e não teve nada de política. O Brasil não aprova o governo de Maduro e eu estou alinhado com as decisões do governo federal, mas o fechamento da fronteira só prejudica Roraima. Essa é a verdade e estou tentando defender os interesses de Roraima, pois nós dependemos mais da Venezuela do que eles dependem de nós”.
Segundo o governador, os líderes bolivarianos que participaram do encontro com empresários e políticos de Roraima ficaram de conversar com o governo Central da Venezuela em Caracas para facilitar a reabertura da fronteira.
“Não foi definido nada de forma imediata, mas temos pensamentos positivos por essa abertura ”, destacou.
A fronteira do país vizinho a Roraima está fechada desde o dia 21 de fevereiro por ordens de Maduro.
“O fechamento da fronteira por parte da Venezuela causou uma série de transtornos para os comerciantes de Pacaraima, pois o comércio lá não está conseguindo vender nada e estão demitindo funcionários. Outra situação grave também que tinha mais de 40 carretas brasileiras paradas do lado de lá da fronteira da Venezuela impedidas de entrar no Brasil porque a fronteira está fechada”, disse o governador.
Denarium explicou que resolveu ir até a fronteira por conta de sua preocupação com a situação de milhares de brasileiros que moram em Santa Elena ou estavam na Venezuela a trabalho ou a turismo e que tentam retornar para o Brasil e não conseguem.
“O objetivo da visita também foi solicitar que a fronteira fosse aberta, para entrada desses caminhões carregados principalmente com fertilizantes e calcário. O período do plantio começa em abril e maio e, se esses produtos não entrarem, vai atrapalhar a produção de alimentos em Roraima”, assegurou.
Energia elétrica da Venezuela pode ser cortada
O Ministério de Minas e Energia (MME) discute um plano de contingência para atendimento a Roraima, caso ocorra a suspensão do suprimento de energia da Venezuela para o Estado. A alternativa já testada no ano passado pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico é o uso de usinas do parque térmico local, que atendem parte da demanda de Boa Vista.
Antonio Denarium explicou que o fechamento da fronteira e o estremecimento das relações com o país vizinho também prejudicam a questão energética em Roraima. O governador contou que o Estado teve um corte de mais de 20 horas da energia de Guri durante o período do conflito.
“A Venezuela cortou o fornecimento durante 20 horas. Eles alegaram que tinha sido para manutenção na rede, mas foi exatamente no dia do pico do conflito, quando foi anunciado que a ajuda humanitária internacional entraria pelo Brasil. Então, foi uma forma de pressionar, pois dependemos da energia da Venezuela, todos sabem disso”.