No mês de celebração da mulher, especialistas tentam chamar a atenção para a saúde reprodutiva e íntima. Com a campanha “Conscientização da Endometriose”, eles procuram alertar sobre uma doença silenciosa e ainda desconhecida de grande parte das brasileiras e que pode afetar de diversas formas o desenvolvimento do corpo de meninas e mulheres.
Com a puberdade, caracterizada pelas mudanças no corpo e de personalidade, os principais sintomas que indicam a endometriose podem passar despercebidos. A doença afeta em torno de 10% a 15% das mulheres em idade reprodutiva. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são sete milhões de brasileiras.
Segundo a ginecologista Fernanda Pellizzetti, a endometriose é causada quando o tecido que reveste a parede interna do útero cresce em outros lugares ou fora da cavidade uterina. “Essa doença causa um processo inflamatório na pelve que pode levar à fibrose e formação de aderências”, relatou.
A médica destaca que as mulheres acometidas pela endometriose podem ser assintomáticas, ou seja, não apresentam sintomas, ou apresentarem queixas de cólicas menstruais muito intensas, além de dores nas relações sexuais, na pélvis e também a infertilidade.
Conforme apontou uma pesquisa da Associação Brasileira de Endometriose e Ginecologia Minimamente Invasiva (SBE), 53% das brasileiras desconhecem a doença. Por causa disso, a descoberta é feita tardiamente. Nos casos mais graves, o endométrio fora do útero pode revestir também os ovários e até outros órgãos, como bexiga e intestino.
Alguns especialistas avaliam que, durante o período menstrual, o endométrio é renovado e descamado, sendo expulso como forma de menstruação. Quando isso ocorre nos outros órgãos, também descamam, mas não são liberados do organismo e ficam na região abdominal, causando inflamação e dor extrema.
“O diagnóstico é geralmente demorado porque os primeiros sintomas, que são as cólicas menstruais, são encarados como algo natural para muitas mulheres. A cólica menstrual forte, que exige medicação e incapacita a mulher para trabalhar e até mesmo para outras atividades no dia a dia, não pode ser aceita como normal e deve ser investigada”, prosseguiu a ginecologista.
FERTILIDADE – Com a demora no diagnóstico, Fernanda enfatiza que durante o período em que a mulher não sabe da doença pode haver alterações na fertilidade justamente pelo início do tratamento tardio. Para fazer o diagnóstico, o exame é feito através de ultrassonografia intravaginal e ressonância magnética para diagnosticar a endometriose profunda.
“Apesar da baixa da fertilidade, a mulher com endometriose consegue engravidar, mas grande parte dessas pacientes necessita de assistência para a reprodução, como operações de tratamento medicamentoso, cirúrgico ou fertilização in vitro [FIV]. O tratamento depende do grau e extensão de comprometimento”, frisou. Fernanda garantiu que há medicamentos que suspendem a menstruação, diminuindo os focos de endometriose e controlando as dores pélvicas.
Mais detalhes sobre o assunto no instagram: @drafernandapennapellizzetti