Cotidiano

Comerciantes cobram rigor em fiscalização na fronteira

De acordo com eles, há filmagens e fotos de imigrantes venezuelanos que estão usando caminhos alternativos para driblar a barreira

Comerciantes e moradores de Pacaraima estão receosos com a situação “frágil” em que se encontra a fiscalização de imigrantes entrando por caminhos alternativos à fronteira fechada da Venezuela com o Brasil.

Segundo o presidente da Associação Empresarial de Pacaraima (Assep), João Kleber,

em entrevista à Folha, os comerciantes estão com receio de imigrantes que estão usando caminhos clandestinos para entrar a pé de e de carro no Brasil.

“Entre as pessoas de bem que fogem da fome na Venezuela, marginais podem estar entrando sem serem revistados e estar trazendo armas e drogas para Roraima”, afirmou. “Temos filmagens e fotos de imigrantes venezuelanos que estão usando caminhos alternativos para driblar a barreira que os militares venezuelanos fizeram e estão passando sem ser vistoriados”, afirmou. “Alguns grupos são apenas interceptados pelos guardas venezuelanos e passam sem serem revistados”, ressaltou.

“Se fosse um brasileiro que estivesse passando nessa situação, as autoridades brasileiras que estão na fronteira fariam a vistoria e apreenderiam o veículo. Mas o que acontece é que ou estão com excesso de sensibilidade pela situação dos imigrantes, ou está tendo vista grossa e deveria haver mais rigor na fiscalização e deter o veículo que possa estar transportando algum ilícito, como armas e drogas, para o Brasil”, disse.

Kleber destacou que a maior preocupação da população de Pacaraima se deu depois do massacre que houve em Santa Elena do Uairém, na Venezuela, há 15 dias. 

“Após o massacre de Santa Elena, segundo informações dos amigos comerciantes de lá, vários presidiários foram soltos e deram armas a eles, e hoje estes presidiários estão perambulando pela fronteira ainda em busca de pessoas que vieram fugindo para o Brasil”, afirmou.  

“As autoridades brasileiras estão focando muito a presença na BR, no local da barreira, e esquecendo os caminhos alternativos, por onde estão passando por toda fronteira seca”, relatou.   

O comerciante afirmou que são vários flagrantes todos os dias de veículos venezuelanos que burlam a barreira da Guarda Nacional da Venezuela e buscam os muitos caminhos alternativos que há na fronteira.

“Temos imagens que mostram veículos que passam nestes caminhos, alguns são parados pelos guardas venezuelanos, mas apenas conversam, às vezes pegam alguma coisa, como alguma mercadoria, e liberam sem serem vistoriados”, afirmou.

OUTRO LADO – A reportagem entrou contato por telefone, e-mail e WhatsApp com as assessorias de comunicação da PF, PRF e Exército para saber que trabalho estaria sendo feito para fiscalizar imigrantes que cruzam a fronteira por caminhos alternativos. 

A assessoria de comunicação da Operação Acolhida, informou que está sendo executada a Operação Controle pelo Exército Brasileiro que montou um posto de revista em frente ao posto da Polícia Federal, onde é feita a revista pessoal e material dos venezuelanos que chegam a Pacaraima.  Disse que existe ainda um posto de fiscalização na Sefaz, na BR-174, operando 24 horas.

De acordo com assessoria, a Operação Acolhida envolve diversas agências civis. Os venezuelanos, ao entrarem em Pacaraima, não são obrigados a ser identificados pela Acolhida. “Alguns só vêm para fazer compras e retornam, mesmo que seja por rotas clandestinas. Aqueles que se apresentam solicitando abrigo temporário ou refúgio são encaminhados para vacinação, identificação etc”, explicou.

Até o fechamento desta reportagem, às 18h, não houve retorno das assessorias da PF e PRF.