Os tempos áureos de boas vendas e aumento constante na contratação de funcionários para as lojas de estivas e cereais, roupas e calçados, além de movimentar bares e restaurantes e a economia do Município de Pacaraima, já não existem mais e o comércio local começa a entrar em crise depois que o governo de Nicolás Maduro fechou a fronteira com o Brasil há 16 dias.
Sem o movimento de imigrantes venezuelanos que atravessavam a fronteira em busca de comprar alimentos e levar para o país vizinho, em especial para a região da Gran Sabana, o comércio varejista e atacadista começou a demitir funcionários e fechar as portas.
A informação é do presidente da Associação Empresarial de Pacaraima (Assep), João Kleber, que afirmou ser preocupante a quebradeira do comércio no município.
“Com o fechamento da fronteira, perdemos clientes em todas as áreas do comércio. Calculamos uma perda de mais de 90% dos clientes, que eram imigrantes que compravam alimentos, produtos de higiene e perecíveis, como carne e frango”, disse. “Além do setor de transporte, principalmente os táxis alternativos e os careteiros que trabalhavam com transporte de exportação, que foram afetados em cheio com o fechamento da fronteira e ficaram sem acesso ao posto para abastecer”, acrescentou.
Ele ressalta que os prejuízos com os 16 dias do fechamento da fronteira não afetam apenas o comércio de Pacaraima, mas de Roraima.
“Com a fronteira aberta, havia uma grande demanda de consumo e o comércio aumentou com oferta de produtos e serviços aos imigrantes, e esse consumo uma vez limitado fez com que nossa economia, tanto em Pacaraima quanto em Boa Vista, sentisse essa queda. O que vemos agora é estabelecimento sendo fechado pela falta de clientes e também pela insegurança econômica, e outros empresários já demitindo funcionários para diminuir o impacto nas contas no fim do mês”, afirmou, sem, no entanto, citar números de demitidos. “Ainda estamos vendo os números com os empresários para saber quantos funcionários já foram demitidos e quantos comércios foram fechados ou estão em fase de fechamento”, frisou.
Outro ponto destacado pelo presidente da Assep foi quanto a mercadorias estocadas em armazéns e pequenos comércios. Segundo ele, muitas delas são perecíveis e outras estão com prazo de validade próximo de vencer.
“Isso é outra preocupação que temos com os empresários que temem amargar um grande prejuízo com a perda de mercadorias, se não houver logo uma solução entre as autoridades dos dois países para abrir a fronteira”, disse. “Além dessa questão, ainda temos que conviver diariamente com as constantes faltas de água e de energia, que também prejudicam os comerciantes e moradores de Pacaraima”, concluiu.