
Integrantes do Fórum dos Direitos da Criança e do Adolescente de Roraima (FNDCA) entraram em contato com a Folha para denunciar demora no cumprimento de promessas da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) e dificuldades de remoção de indígenas Yanomami com malária.
Segundo a denúncia, em 2022 indígenas da comunidade Sanumã teriam se deslocado da Terra Indígena Yanomami para Boa Vista e ficado nas ruas.
Esse grupo se encontra acampado nos arredores da periferia da cidade com uma criança com deficiência já institucionalizada depois de diálogo/acordo com judiciário”, diz trecho da denúncia.
Um outro acordo realizado foi quando o povo indígena Xiriana convidou o grupo Sanumã para se deslocar próximo a comunidade Ericó, situada no Terra Indígena Yanomami no município de Amajari.
Uma parte desse grupo já foi e os demais ficaram nos arredores de Boa Vista acompanhando a criança no abrigo e a finalização das roças e malocas na nova comunidade. A Funai deu apoio para a ida do grupo e ficou de prestar assistência na alimentação dos que ficaram na cidade. Aos que se dirigiram para a nova terra, a Funai se comprometeu em repassar alimentação e um barco com motor, fato que nos preocupa, pois segundo relatos dos próprios Sanumã até o presente momento a alimentação que estão consumindo vem proveniente do repasse dos Xiriana e quanto ao barco e ao motor ainda não foram entregues. Esses itens são necessários para o reinício desse grupo Sanumã em nova comunidade.
De acordo com o Fórum, um comunicado de um dos integrantes dos Sanumã com a falta do barco e motor, eles estão com dificuldade de transportar doentes com malária e apoio emergencial.
A ausência desses itens inviabiliza a sobrevivência do seu povo. O Fórum exige uma imediata solução por parte da frente de proteção Yanomami da Funai e afirma ter presenciado as promessas feitas ao grupo Sanumã há mais de dois meses e não consegue entender a demora para tal cumprimento. Esse grupo dos Sanumã em sua grande maioria é formado por crianças, jovens e mulheres. Por essa razão vem a público externar sua preocupação e pedir que tais medidas sejam cumpridas imediatamente, finaliza a denúncia.
Outro lado
Em nota, a Funai informou que reitera o compromisso com os povos indígenas em prestar todo o apoio necessário dentro da sua área de competência.
No caso das famílias Sanöma, as quais estavam em situação de vulnerabilidade social na cidade de Boa Vista (RR), a equipe da Funai dialogou com as famílias e contribuiu para o transporte aéreo de 42 pessoas que vão abrir um novo roçado e uma nova comunidade na região de Ericó. Na ocasião, a Funai apoiou tanto com a logística quanto com os seguintes itens:
· Cestas básicas;
· Kits de ferramentas;
· Redes, mosquiteiros e utensílios de cozinha;
· Materiais de pesca
· Lonas
Sobre o pedido da canoa e do motor, a Funai fez uma solicitação de doação a outra instituição e aguarda a doação ser disponibilizada para que os itens sejam repassados aos indígenas no menor tempo possível.
Quanto às medidas adotadas sobre os doentes de malária, os Sanömas estão sendo atendidos pelo Distrito Sanitário de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kwana (DSEI-YY) por meio da UBSI (Unidade Básica de Saúde Indígena de Ericó). Para mais informações sobre o tema, orientamos entrar em contato com a Secretaria de Saúde Indígena do Ministério da Saúde,, finaliza a nota.