Política

Roraima exporta mais de cem quilos de ouro para a Índia

Venda de ouro roraimense para a Índia gerou receita milionária em dólares, mesmo sem o Estado ter uma única mina oficial

Mesmo sem ter uma única mina de ouro legalizada, Roraima já exportou nos dois primeiros meses de 2019 mais de cem quilos de ouro para outros países. A informação foi confirmada em nota técnica publicada pela Coordenadoria-Geral de Estudos Econômicos e Sociais (CGEES) da Secretaria Estadual de Planejamento (Seplan), com base nas informações extraídas do portal Comex Stat do Ministério da Economia.

No mês passado, o ouro foi o produto que mais se destacou na pauta de exportação, com uma venda de 43 quilos para a Índia, gerando receita de US$ 1,7 milhão. No acumulado do ano, já foram vendidos cem quilos de ouro para a Índia no valor de US$ 4,5 milhões.

Segundo a nota, as exportações de produtos declarados de origem roraimense foram de aproximadamente US$ 4,1 milhões em fevereiro deste ano, o que representa um aumento de 85% na comparação com o mesmo período do ano passado.

Fábio Rodrigues Martinez, autor da nota técnica, explicou que o trabalho foi feito com base na pesquisa obtida junto ao portal Comex Stat, onde se presume que esse ouro é vendido por empresas sediadas no município de Caieira, em São Paulo, contudo a origem declarada do produto, segundo o próprio exportador, é de ouro proveniente de Roraima.

“A existência ou não de jazidas de ouro não foi divulgada no site do Ministério da Economia e cabe ao Ministério de Minas e Energia, se não me engano, averiguar a existência ou não dessas jazidas. E ressalte-se que cabe às autoridades competentes apurar a real procedência disso junto ao ministério, mas a informação oficial passada pela própria pasta é essa”, disse.

A soja apareceu em segundo lugar, com US$ 957 mil referentes à venda de 2.818 toneladas em fevereiro. A maior parte do grão foi exportada para a China (2.324 toneladas) e o restante foi para a Turquia (494 toneladas).

Assim como no caso do ouro, a soja também não foi exportada diretamente por produtores roraimenses. Segundo pesquisa no portal Comex Stat, presume-se que tenha saído por empresas sediadas no município de Itacoatiara, no Amazonas.

VENEZUELA – Além do ouro e da soja, destacam-se as vendas de produtos alimentícios (predominantemente arroz e açúcar), de limpeza doméstica e de higiene pessoal para a Venezuela.

Foi exportado para o país vizinho pouco mais de US$ 1 milhão em fevereiro. E diferentemente do ouro e da soja, estes produtos foram vendidos por empresas sediadas em Roraima.

“Com o fechamento prolongado da fronteira entre os dois países, é provável que as vendas caiam significativamente nos próximos meses”, concluiu o técnico na nota.

Importações são feitas de três países

Em relação às importações, foram comprados do resto do mundo aproximadamente US$ 204 mil em mercadorias, apresentando uma queda de 64% na comparação com fevereiro de 2018.

Os produtos importados originaram-se de apenas três países: China, Venezuela e Guiana. Da China, as empresas roraimenses adquiriram aproximadamente US$ 128 mil em mercadorias, com destaque para as compras de acessórios de veículos, artigos de transporte ou de embalagem e fios de ferro ou aço.

Da Venezuela, foram adquiridos US$ 57 mil em mercadorias, com destaque para as compras de construções pré-fabricadas e artigos de transporte ou de embalagem. E da Guiana, foram adquiridas 95 toneladas de arroz no valor total de US$ 19 mil.

O saldo da balança comercial de Roraima continuou superavitário no mês de fevereiro em aproximadamente US$ 3,9 milhões. No acumulado do ano, o saldo é positivo em cerca de US$ 9,7 milhões.

Somente uma empresa tem autorização para explorar ouro em Roraima

No momento, não existe nenhum empreendedor mineral ou empresas de grande porte explorando o subsolo de forma legal em busca de minérios em Roraima. A informação é do engenheiro Eugênio Tavares, superintendente regional do Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM).

Ele explica que para ter a permissão de lavra garimpeira (PLG), a área em interesse precisa estar livre e o procedimento devidamente instruído do licenciamento ambiental, mapas geológicos e com todas as taxas pagas. 

“Aqui em Roraima, não tem nenhuma empresa explorando ouro. Temos apenas requerimentos pedindo a mineração. Apenas uma portaria de lavra para exploração de minérios de forma geral foi concedida, mas não ouro especificamente e essa empresa não está explorando ainda” disse.

A empresa em questão é a Art Minas Mineradora, que detém a autorização da lavra para minerar ouro e diamante em Tepequém, em uma área de 4.422,35 hectares, concedida pela Agência Nacional de Mineração (antigo DNPM). A Art Minas Mineradora tem sede na Vila Cabo Sobral, em Minas Gerais.