Cotidiano

Consumidores questionam valores de passagens aéreas

Baixo número de voos diários também é alvo de reclamações de passageiros

Shirley Moraes vive em Boa Vista, mas viaja pelo menos duas vezes por ano para São Paulo para poder visitar parte de sua família. Para ter acesso a um valor que caiba em seu bolso, é necessário comprar passagens com meses de antecedência. No fim de 2018, chegou a adquirir três bilhetes de ida e volta por R$ 4 mil dois meses antes da data da viagem.

“Uma passagem de ida e volta daqui pra São Paulo, às vezes, é mais cara que uma de São Paulo pra Alemanha, por exemplo. Comprando adiantado, já cheguei pagar, ida e volta, R$ 1,4 mil, mas normalmente chega até R$ 2,8 mil e até mais do que isso”, criticou Shirley, que ainda completou dizendo que acha as passagens caras levando em consideração o salário mínimo brasileiro.

A insatisfação com o serviço de viagens aéreas oferecidos em Boa vista não é particularidade de Shirley. Os valores, a disponibilidade de vagas e o número de voos oferecidos são alvos constantes de reclamações de outros consumidores. 

Um leitor da Folha enviou uma mensagem para o jornal também referente aos valores. Ele afirma que viaja frequentemente e sentiu um impacto muito grande no aumento das passagens. Outro ponto criticado foi que há apenas três voos diários, sendo um de cada companhia aérea que atua no Estado.

“Hoje, com um valor de um voo da cidade a uma capital do Sudeste, por vezes se paga o equivalente a uma viagem à Europa ou Ásia. Ao contrário do que parece, os voos estão em sua maioria lotados e até as vagas disponibilizadas em programas de milhagem parecem ser limitadas, pois raramente são encontradas, em especial para períodos mais cobiçados”, declarou.

Hudson Oliveira faz pelo menos quatro viagens por ano. Duas durante suas férias e as outras a trabalho, para participação em congressos e eventos similares. Sua estratégia é tentar planejar todos os detalhes o quanto antes, principalmente no que diz respeito às passagens.

“Não se pode, claro, comparar o preço com cidades mais, digamos, centrais e esperar que o valor seja o mesmo. O foco é pesquisar, antecipadamente, a melhor opção e, em alguns casos, até dividir a viagens comprando passagens ‘salpicadas’. Por exemplo: de Boa Vista para Manaus e de Manaus para o destino final”, comentou.

O QUE DIZEM AS COMPANHIAS – A empresa Latam informou que trabalha com o sistema de precificação dinâmica, que considera diversos fatores para oferecer a cada cliente o produto mais adequado. E ressaltou que algumas tarifas variam devido a determinadas rotas com elevada demanda ou que estejam muito próximo à data da viagem pretendida. E que é possível encontrar as melhores tarifas domésticas no Brasil de seis a dois meses antes do voo pretendido. No caso de viagens ao exterior, esta antecedência gira em torno de oito a quatro meses.

A companhia disse também que está sempre atenta às necessidades dos clientes para iniciar, ampliar ou adequar as suas operações. Os voos são constantemente avaliados conforme a demanda de cada região e qualquer nova operação é comunicada pela companhia.

A Folha entrou em contato com as outras duas empresas que operam voos em Roraima, mas não houve resposta até a conclusão da matéria.

Consultada, a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) também não respondeu. (F.A)