Cotidiano

Período seco no Estado prejudica pequenos produtores rurais

O período seco em Roraima está mais rigoroso este ano. A temperatura registrou recorde no Estado, chegando a 39,3o C, e os pequenos produtores rurais já estão sentindo os efeitos negativos desta situação. Ana Luiza trabalha com o plantio de macaxeira, batata-doce e milho na Comunidade Indígena Manoá. A falta de chuvas está fazendo seus produtos secarem antes mesmo de estarem prontos para a colheita.

“A plantação está secando muito rápido, a batata está estragando. Eu também crio carneiros, cavalos e porcos, e tudo isso vai afetando porque ficamos sem água suficiente, o que se complica, pois precisamos ficar enchendo tanques”, declarou a pequena produtora.

No início deste mês, Ana Luiza teve parte de seu pasto e de seu plantio de mandioca atingida por um incêndio. De acordo com ela, os vizinhos iniciaram o fogo que se alastrou para o seu terreno. O que gerou um prejuízo em torno de R$ 5 mil.

O estoque de milho deverá ficar abaixo do esperado para a demanda das festas juninas. A produtora rural tem evitado o plantio e só deve começar a trabalhar com o cereal quando começar o período de chuvas. O milho cultivado por Ana Luiza precisa de, pelo menos, 40 dias para poder ser colhido.

A situação não é uma novidade para os produtores rurais. Os pais de Emily da Silva vivem na Vila Campos Novos, em Iracema. Ela contou que o pai deixou de trabalhar com agricultura no ano passado após um incêndio ter destruído um cultivo de bananas que havia sido iniciado havia pouco tempo.

Mas a família de Emily é dependente do sítio e por isso seu pai resolveu fazer um empréstimo e continuar a produzir com gados leiteiros. A dificuldade trazida no tempo seco, neste caso, é que a pastagem que serve para alimentar os animais fica sob a ameaça de incêndio o tempo todo e a água é escassa.

“Há açudes, mas como não chove, estão todos secos. No sítio de meu pai tem água por conta de um poço que construímos há muito tempo, antes dos açudes, e é o último recurso que temos e ainda não secou por completo. Meu pai tira água dele para dar ao gado”, contou.

Emily afirmou ainda que os incêndios na Vila Campos Novos têm sido recorrentes e que não há equipes para combatê-los. Ainda de acordo com ela, são os próprios produtores que estão apagando as chamas.

Na noite de quarta-feira, 13, os canos que levam água da cachoeira para as residências na Vila Campos foram danificados por causa de um incêndio.

ATUAÇÃO DO CBMRR – O Corpo de Bombeiros Militar de Roraima (CBMRR) informou que, desde o fim do ano passado, atua em todo o Estado no combate a incêndios florestais, mas que não consta, nos registros da corporação, nenhuma solicitação de ocorrência para a Comunidade Indígena Manoá.

Ainda de acordo com o Corpo de Bombeiros, todos os dias há equipes de combate a incêndios florestais de prontidão para atender as ocorrências que chagam à Central de Operações.

Na capital, são entre duas ou três equipes. Nos municípios do interior, o CBMRR dispõe nos postos de serviço de uma ou dois grupos prontos para atuarem. A corporação destaca ainda que a Vila de Campos Novos é uma das regiões que mais atendidas pelos bombeiros.

Com a suspensão do calendário de queimadas elaborado pela Fundação Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Femarh), o CBMRR solicita que os agricultores e pecuaristas de Roraima deixem de utilizar a técnica de queima para renovação de pasto ou preparo de terreno para plantação, pois muitas vezes o incêndio foge do controle e causa danos em outras áreas. (F. A.)