Trânsito fica cada vez mais complicado

Conforme dados do Departamento de Trânsito de Roraima (Dentra), em Boa Vista estão registrados 158.454 veículos este ano, o que representa um aumento da frota em 6,1% em comparação ao ano de 2013. Ainda assim, a porcentagem é considerada a menor dos últimos 10 anos. O crescimento da frota de 2007, comparado com o de 2006, foi de 16,3%, de acordo com dados da Secretaria Municipal de Segurança do Trânsito (Smst).
Não é preciso ir tão longe de casa para notar que o trânsito na Capital tem se tornado cada vez mais complicado para quem precisa se locomover diariamente pelas ruas da cidade. Os pontos mais críticos estão registrados nas regiões periféricas e centrais da Capital, principalmente nas horas de pico, que coincidem com os horários de entrada e saída da maioria dos trabalhadores boa-vistenses. As avenidas Mário Homem de Melo, Ataíde Teive, Via das Flores, Bandeirantes, Estrela Dalva e Centenário são as que concentram maior fluxo de veículos em horas específicas.
Com o crescimento da frota, tornou-se cada vez mais frequente a reclamação de motoristas. O funcionário público Hermínio Souza disse que é comum ele passar mais de 40 minutos dentro do carro no trajeto do trabalho para casa. “Boa Vista está complicada. A gente nota muito carro aparecendo por aí. Parece que estão se multiplicando de uns anos para cá. Eu me lembro que há uns cinco anos eu chegava em casa com tempo folgado e não havia tanta buzina nem confusão como agora”, disse. Ele trabalha no bairro São Francisco, zona Norte, e reside no Cambará, zona Oeste.
Uma das vias arteriais mais importantes da cidade, a avenida General Ataíde Teive, que dá acesso, do Centro, aos bairros mais populosos, é motivo de reclamação constante por parte dos motoristas. A comerciante Teresa Pereira disse que utiliza pequenas táticas para evitar o tráfego pesado da via. “Evito, ao máximo, o horário de pico. Fiz um acordo no trabalho para entrar e sair um pouco mais tarde. Quando não dá, tento usar uma rota alternativa, mas já percebi que dá no mesmo, pois tenho de ficar parando em cada cruzamento”, comentou.
Para a comerciante, grande parte do problema se deve à desatualização do sistema de tráfego. “Creio que rotatória já não funciona mais em Boa Vista. Pelo menos não pelas regiões aqui da zona Oeste”.
O motorista Harisson Matos disse que as autoridades precisam se preocupar mais com as sinalizações e a engenharia do trânsito. “Acho que a cidade já começou a crescer de um jeito que vai sair do controle. Você vê muito carro e pouca estrutura. Parece que o governo ainda não se deu conta. Já enfrento até congestionamento”, observou. Ele disse que os transportes públicos ou alternativos poderiam desafogar o trânsito boa-vistense. “Apesar de trabalhar dirigindo, gostaria de ir ao trabalho de ônibus ou até de bicicleta, que sai mais barato nesses tempos. Mas a gente sabe como é complicado aqui”, disse.
PREFEITURA – A Prefeitura de Boa Vista informou, por meio de nota, que em Boa Vista não existem pontos de congestionamento. Para ser considerado como tal, conforme argumentou, seria necessário existir um período de parada total dos veículos, superior a 15 minutos. Apesar da lentidão nos horários de pico, não existe a parada total com esta duração. Sendo assim, o que existem são pontos críticos de trafegabilidade identificados pela Smst.
Os principais pontos críticos identificados pela secretaria foram as rotatórias no cruzamento das avenidas Ville Roy com Major Williams, Ville Roy com Santos Dumont, Glaycon de Paiva com Cecília Brasil, Capitão Júlio Bezerra com Santos Dumont, Via das Flores com Manoel Felipe e avenida Bandeirantes. A Prefeitura afirmou que as rotatórias desses cruzamentos serão trocadas por sinaleiras.
Conforme a Prefeitura, serão implantados semáforos em 25 cruzamentos da cidade com uma central de monitoramento em que todos serão integrados e acompanhados em tempo real, permitindo controlar a distância e o tempo de cada um, ajudando a reduzir congestionamentos.
PROJETO – A Prefeitura lembrou do Projeto de Mobilidade e Acessibilidade em convênio com a Caixa Econômica Federal, que destinará R$ 68 milhões para a melhoria do sistema de transporte urbano da Capital. O plano inclui a implantação de 50,76 quilômetros de ciclovia. Estão previstas ainda a implantação de 50 bicicletários e revitalização da sinalização vertical e horizontal.
O projeto se encontra em processo licitatório e as obras vão começar logo após o término dos trâmites. Boa Vista será a primeira cidade da Região Norte a celebrar um projeto de mobilidade urbana. (JPP)