No dicionário, a inveja é o desgosto provocado pela felicidade ou prosperidade alheia. Para o psiquiatra Alberto Iglesias, o sentimento é comum, mas é preciso identificar quem são os invejosos para que eles não façam algum mal ou traga algum tipo de prejuízo emocional e psicológico para a pessoa.
“Sentir inveja de alguma pessoa bem-sucedida pode ocorrer em qualquer ser humano, o problema é quando o sentimento se transforma em obsessão. Manter uma pessoa invejosa próximo pode trazer males emocionais para as pessoas, por isso, é sempre bom procurar companhia que nos estimulem e torçam por nossas vitórias” explica.
Uma pesquisa divulgada pelo Instituto Nacional de Ciências Radiológicas do Japão mostrou que existem cinco tipos de pessoas invejosas com quem convivemos todos os dias e não sabemos quem são. Confira.
O invejoso sarcástico
Aparentemente, essa pessoa assume tudo com um falso senso de humor, mas na realidade eles estão camuflando sua inveja por meio do sarcasmo, que é a sua arma favorita para fazer os outros se sentirem mal. Não atacará diretamente, mas sempre estará atento para destacar suas fraquezas ou erros com um risinho cínico. É sua maneira inferiorizar. E se você perguntar o que ele quis dizer, ele se dirá ofendido e chateado.
O invejo direto
Esta pessoa ataca diretamente, para fazer você se sentir mal. Normalmente, eles são pessoas inseguras, com personalidade agressiva, que se preocupam em detalhar suas falhas para tentar que você não possa aproveitar o que você conseguiu. Eles permanecem atentos, de modo que em qualquer pequeno sinal de sucesso, eles vão lembrá-lo de uma falha ou erro prévio. Este tipo de pessoa invejosa é muito cuidadosa, porque não hesita em colocar obstáculos no seu caminho, para evitar que você tenha mais sucesso. Essa pessoa é aquela que não se faz de rogada em demonstrar que ela merecia o prêmio mais que você. É uma pessoa tóxica, um vampiro psíquico que você precisa afastar de sua vida.
O invejoso pessimista
Seu objetivo é minar sua moral e arruinar sua motivação. Qualquer notícia positiva que você dá, a pessoa refuta, recorrendo a argumentos negativos com o único objetivo de desanimá-lo: ‘olha não quero te desanimar não, mas…”.
O invejoso competitivo
Esta pessoa não lhe dirá nada abertamente, mas sua atitude e ações dizem tudo. Ele está ciente de cada detalhe de sua vida, para imitá-lo. Se você comprar um celular, corre para comprar outro que é muito melhor, se você mudar o sofá, compra um maior e de melhor qualidade. É o tipo de pessoa invejosa que nunca está satisfeita com o que ela tem, então ela continuamente quer o que você tem. O mais incrível neste tipo de pessoa é que ela diz que você comprou primeiro porque ela havia dito que ia comprar. Ela dirá que você tem inveja dela.
O invejoso à espreita
Esta pessoa também não lhe contará nada, pelo menos não no início. Ele se torna uma espécie de voyeur silencioso, que vê sua vida passar com inveja. Quando você finalmente comete um erro, falha ou algo dá errado, ela aproveita esse momento de queda para colocar o dedo na ferida. Sua frase favorita é: “Eu lhe havia dito!” – frase típica de uma pessoa cruel disfarçada de boa pessoa. Acredite, existem pessoas cruéis disfarçadas de boas pessoas que escondem uma profunda satisfação em fingir consolo quando na verdade quer lhe humilhar para que ela se sinta superior.
Fonte: Publicado originalmente em Rincón de la psicologia – Tradução e livre adaptação de Portal Raízes
ARTIGO
Por que sentimos inveja?
Por Roberta D’albuquerque
“Por que eu não sou um Guiomar Novaes?… – Por que eu não fui estudar na Europa?… – Se eu tivesse ido, eu seria uma Guiomar Novaes!…”.
A fala é de Ernesto Nazareth. Segundo a (ótima) pesquisa realizada pelo Instituto Moreira Sales, foi dita e redita por ele depois de um recital de Guiomar Novaes no Theatro Municipal. Durante a apresentação, Nazareth teve uma crise de choro, saiu do teatro e pegou o primeiro bonde, onde repetiu inúmeras vezes o trajeto de uma estação final a outra. Até chegar em casa para lamentar não o que era, mas quem não era.
Você conhece o Ernesto Nazareth? Talvez sim, talvez não. Mas é bem possível que conheça esse lamento. Esse desejo, ainda que temporário, de ser um outro, ou uma parte dele. Inveja? O Michaeles define a palavra como um desejo muito forte de possuir ou desfrutar de algum bem possuído ou desfrutado por outra pessoa; avidez, cobiça, cupidez.
‘Algum’. Um desejar que não se sabe todo, desejo de parte. De Guiomar Novaes, Nazareth queria o talento e a experiência vivida na Europa. Só e nada mais. Embora seja impossível saber o que fez o talento possível, o que veio antes ou depois dele, saber da experiência completa do período fora do Brasil, o que foi preciso, ou possível viver por lá? Nazareth não sabia o que significava ser um Guiomar Novaes. Talvez (e muito provavelmente) nem mesmo o Guimar Novaes tenha tido essa dimensão.
O que pensamos conhecer e, por que não, o que invejamos no outro além de ser parte é pouco preciso – a princípio no sentido de precisão, mas em uma análise mais profunda no sentido de necessidade mesmo. Aquela viagem à Europa (para ficar no exemplo de Nazareth) acompanhada nas redes sociais, é um fragmento de viagem. É uma imagem congelada de um filme longo e complexo. Aquele talento arrebatador, aquele acerto desconcertante do colega de trabalho é retalho de vida. A vida completa que temos é uma só: a nossa. Que seja possível concentrar-se nela. E sim, em um único clique no youtube você descobrirá que conhece o Ernesto Nazareth. Ele foi grande e sinto pensar que precisou chorar por não saber. Boa semana queridos.