Nos últimos anos os pesquisadores avaliaram uma série de fatores que poderiam estar envolvidos no TDAH, além daqueles já estabelecidos, como a genética e o ambiente. Um deles é o desequilíbrio de nutrientes essenciais na dieta, como o magnésio, mineral que ganhou destaque nos estudos sobre o transtorno.
Isto porque o magnésio participa de mais de 300 reações metabólicas do organismo, sendo essencial para o bom funcionamento do sistema nervoso central (SNC).
A novidade é que uma meta-análise publicada este ano, no jornal científico Psychiatry Research Neuroimaging, comprovou que crianças e adolescentes com o diagnóstico de TDAH apresentam níveis abaixo do esperado de magnésio quando comparados a quem não tem o transtorno.
Opinião da Especialista
Segundo a neuropediatra Dra. Andrea Weinmann, a deficiência de magnésio está associada a distúrbios na capacidade cognitiva que podem levar a sintomas como cansaço, falta de concentração, nervosismo, alterações de humor e aumento da agressividade.
“Uma vez que grande parte destes sintomas são manifestações comuns nos quadros de TDAH, este estudo corroborou a hipótese já levantada por outras pesquisas, que apontaram uma possível relação com níveis abaixo do esperado do magnésio em pacientes com o transtorno”.
Suplementação pode ser um recurso terapêutico adicional
Para Dra. Andrea, o estudo foi muito importante na medida em que oferece ao médico mais um recurso terapêutico, como a suplementação com magnésio para amenizar os sintomas do TDAH.
“É comum que as medicações para o transtorno, quando necessárias, tirem o apetite. Assim, podem ocorrer deficiências importantes de vitaminas e minerais,devido a uma alimentação mais desbalanceada”, reforça a neuropediatra. Alguns estudos clínicos mostraram que para alguns pacientes a suplementação com zinco, ferro, magnésio e vitamina D podem melhorar os sinais e sintomas do TDAH.
“As pesquisam e a prática clínica nos mostram que há uma melhora da atenção, da hiperatividade e da impulsividade com o uso de certos suplementos de vitaminas e minerais, principalmente os produtos que contêm magnésio. Assim, essa meta-análise corroborou aquilo que já vivenciamos no dia a dia”, comenta Dra. Andrea.
Magnésio: o melhor amigo do SNC
O magnésio desempenha um papel importante nos processos neuronais bioquímicos e fisiológicos. “Ele induz a apoptose das células nervosas (morte programada), controlando a ação do glutamato, principal neurotransmissor excitatório do sistema nervoso central. O papel do glutamato é fundamental para a cognição, memória, movimento e sensações”, cita Dra. Andrea.
Outra função do magnésio é contribuir na conversão dos ácidos graxos essenciais, como o ômega-6 e ômega-3, fundamentais para o bom funcionamento do cérebro. A deficiência de alguns ácidos graxos também está implicada na piora hiperatividade.
Por fim, Dra. Andrea reforça que os suplementos devem ser prescritos pelo médico, pois quando em excesso, o magnésio também pode ser prejudicial, assim como outras vitaminas e minerais. Além disto, nem todos os pacientes apresentam níveis abaixo do esperado.
“É importante que os pais conversem com o médico para solicitar exames que mostrarão se há ou não deficiência de vitaminas e minerais. A prescrição, portanto, deve ser feita com base as evidências dos resultados dos exames e no quadro clínico”, encerra a neuropediatra.
Fonte: Agência Health