Com o intuito de plantar seis hectares de pasto para criação de ovelhas, um agricultor seguiu as recomendações técnicas e recolheu duas amostras do solo onde seria feito o plantio. À Folha, ele explicou que a finalidade era calcular a correção do solo e de adubação, porém teve uma surpresa com o custo cobrado para que tivesse os resultados.
Os dados tiveram que ser despachados no laboratório de solo da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) com o custo de R$ 45 por amostra. O frete cobrado por amostra foi de R$ 105, o que resultou em R$ 300 no custo total da análise. Ele pontuou ainda que o tempo de espera para obter os resultados é, em média, de 13 dias.
Com o preço elevado para saber a composição do solo, o produtor questionou os motivos de não poder ter feito o serviço no laboratório de solo da Universidade Federal de Roraima (UFRR), considerando também o prazo menor para os resultados.
UFRR – Atualmente, o laboratório de solo utilizado pelo curso de Agronomia da UFRR é totalmente destinado a ensino e pesquisa de extensão, o que limita a capacidade logística em atender outras demandas fora do campus universitário. Para que houvesse a possibilidade de ofertar prestação de serviços à comunidade, um investimento tem de ser feito para a compra de mais equipamentos e material para atendimento à demanda.
O reitor da instituição, Jeferson Fernandes, admitiu que está sendo estudado com a Fundação Ajuri de Apoio ao Desenvolvimento da UFRR a elaboração de um projeto para que o laboratório seja utilizado para esses fins.
“O que barra em fazer essa proposta são questões legais. Temos um problema inicial para prestação de serviço porque a universidade não dispõe de pessoal de apoio e não podemos contratar pelo cenário que estamos vivendo hoje de escassez de recursos”, explicou.
Fernandes apontou que há uma estrutura e profissionais capacitados para operar o laboratório, porém, a falta de recursos não possibilita uma terceirização desse serviço no momento.
“Estamos trabalhando na perspectiva de que gostaríamos de prestar esse serviço. A universidade trabalha mais na parte de ensino e pesquisa. Mas reconhecemos essa deficiência de atendimento”, prosseguiu.
O reitor assegurou que soube do caso do produtor e entrou em contato com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul e entendeu o caso, justificado pela existência de uma fundação no laboratório que possibilita o investimento no local.
“A gente não consegue dar um suporte que a fundação [da UFRR] precisa, atender esse tipo de demanda e dar apoio à universidade. Reconheço que a UFRR tem toda uma capacidade”, garantiu.
Além da falta de investimento maior, Fernandes assegurou que há também ausência de estudos para dar base à estrutura da demanda necessária para começo desse tipo de prestação de serviço e torná-lo algo rotineiro.
“É um serviço pago, então, com isso a gente precisa ter cuidado também”, encerrou.