Economia

Brasileiros desenvolvem fogão solar para substituir botijão

Tecnologia transforma a radiação solar em calor para assar alimentos

O preço do botijão de gás é sempre um assunto de destaque nas capitais brasileiras. Afinal, como um item de necessidade básica para o dia a dia da população pode ter seu preço aumentado em tão curtos períodos de tempo? Nos últimos 12 meses, por exemplo, o gás de cozinha teve seu preço acima da inflação e já é responsável por consumir até 40% das rendas das famílias mais pobres do país.

No meio desta realidade, surge uma alternativa: o fogão solar. A ideia, que tem sido desenvolvida por pesquisadores brasileiros da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), trata-se de um equipamento cheio de espelhos, capaz de refletir a luz do sol.

Feito de sucata, espelhos e outros materiais de baixo custo, este equipamento transforma a radiação solar em calor, de forma a criar um efeito estufa e usar esse calor para aquecer água, cozinhar, secar ou assar alimentos.

Além do fogão solar, a UFRN também conta com outros protótipos de fornos, fogões e secadores desenvolvidos no laboratório de máquinas hidráulicas do curso de Engenharia Mecânica, coordenado pelo professor Luiz Guilherme Meira de Souza, que estuda energia solar há 40 anos. O experimento do forno, por exemplo, apresentou um custo total de R$ 150 reais, isto é, o equivalente ao preço de duas recargas de botijões de gás.

Entre os testes, o forno solar assou nove bolos ao mesmo tempo em uma hora e meia. Vale lembrar que, em fogões convencionais, o forno assaria em menor tempo (em média, uma hora e dez), mas não teria capacidade para tantas assadeiras.

De acordo com o professor Luiz Guilherme, a energia solar é uma energia social e está disponível para todos, mas é a que menos recebe investimentos. Segundo ele “o modelo de sociedade que nós temos busca concentrar a energia e produzir para vender, e esse trabalho não está na geração de energia para vender”.

Outro engenheiro, Pedro Henrique de Almeida Varela, que se dedica em defender a “Viabilidade térmica de um forno solar fabricado com sucatas de pneus” lembra que em países da África e da Ásia o governo incentiva o uso de fogões solares pela população para diminuir o consumo de lenha e os impactos ambientais.

O pesquisador Luiz Guilherme ainda afirma que o produto poderia ser fabricado em escala se o Brasil investisse mais em pesquisa de tecnologia social. Mas, infelizmente, estes estudos esbarram no desinteresse político, industrial e acadêmico.