Cotidiano

Ambulantes aproveitam fila para faturar

Vendedores informais usam a criatividade para aproveitar a aglomeração de pessoas que se recadastram no Crédito Social

Enquanto a enorme fila que se forma para fazer o recadastramento no programa Crédito Social – realizado na sede da Universidade Virtual de Roraima (Univirr), no bairro Tancredo Neves, zona Oeste – é uma dor de cabeça para centenas de pessoas diariamente, para outros é uma oportunidade de conseguir uma renda extra para a família. São os vendedores informais que aproveitam a ocasião para faturar, alguns usando a criatividade.
O piauiense Raimundo Nonato, por exemplo, instalou uma máquina fotocopiadora na avenida em frente à sede do local de cadastro para atender à demanda de beneficiários que buscam o serviço para apresentar seus documentos e comprovantes. Ele disse que já trabalhava como operador de fotocopiadora. “É meu sustento. Trabalho na máquina sempre, mas não na rua. Peguei minha máquina e pus aqui para fazer uma renda extra. Em geral, fico no escritório de contabilidade de um irmão meu, aqui perto”, disse.
Ele afirmou que, no começo do cadastramento, acompanhou uma grande demanda de pedidos que foram diminuindo com o tempo. “De qualquer maneira, pude tirar uma boa quantia. Cobro o mesmo preço que cobraria no escritório. Sempre tem gente que precisa. Como você vê aqui, eu não paro”, afirmou, em meio a um atendimento.
Outros tentam ganhar dinheiro suprindo aqueles que precisam se alimentar ou se hidratar. A vendedora de lanche, Karlene Melo, disse que o período do cadastramento serviu para dar uma alavancada nas finanças. “Graças a Deus estamos conseguindo pagar nossas contas. Nós, que vivemos disso, sabemos como é difícil. Precisamos gastar continuamente com investimento. Não é só vender e vender. A comida está cada vez mais cara, sem falar na produção”, explicou. Ela monta sua barraca, dividindo com outras amigas, no Parque Anauá e praças em dias de eventos.
O ambulante Miguel Silva Conceição afirmou que as vendas costumam ser boas nos horários de almoço e lanche. Ele vende pães caseiros, paçoca de carne, salgados e bebidas não alcoólicas e está aproveitando o momento de aglomeração de pessoas. “Imagino que muita gente precisa de nós, sinceramente. Somos nós que alimentamos essa gente aqui na fila, cobrando justo”, disse. “O movimento vai enfraquecendo conforme as pessoas vão sendo cadastradas. “Termina no dia 13 de março, daí eu e minha esposa voltamos para onde vamos quase sempre, na praia da Polar, nos fins de semana”.
Os vendedores afirmam que colaboram com a limpeza do espaço público ao final de sua jornada de trabalho. “Afinal, aqui também é o nosso ponto de venda”, disse um deles. Outros disseram que a maioria presente em toda a cidade, recebe autorização da Empresa Municipal de Habitação e Urbanismo (Emhur) para vender em praças e vias públicas.
A funcionária pública Niúra Rocha disse que o comércio informal é positivo para todos. “Minha opinião é que todos saem ganhando. Na situação atual do país, é mais uma fonte de renda e muita gente precisa comer e os vendedores estão ali”, afirmou.
A comerciante Jaira Renê, que tem um estabelecimento próximo, afirmou que não vê a presença dos vendedores como um problema ou concorrência. “As vendas melhoraram bastante até para nós. São todos respeitadores e a concorrência é leal”, frisou. (JPP)