Cotidiano

Preços de medicamentos sobem de 1% a 4,33%, afirma Sindifarm

Teto máximo de aumento é de 4,33%, porém alguns medicamentos vão ser reajustados 1%, outros 2,75%

A partir desta segunda-feira, 1º, o preço dos medicamentos será reajustado em até 4,33% em todo o País, segundo informou a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa. O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Produtos Farmacêuticos do Estado de Roraima (Sindifarma), Edimar Lima, explicou que esse aumento acontece todos os anos sempre no fim de março e no meio do ano muitos remédios têm o preço reduzido.  

Ele disse que o teto máximo de aumento é de 4,33%, porém alguns medicamentos vão ser reajustados 1%, outros 2,75%. “Ou seja, haverá uma grande variação e não são todos que vão aumentar os 4,33% anunciados pelo governo”, afirmou. 

Ele explica que a variação depende de uma série de fatores, entre eles, a logística de frete. 

“Esse aumento é discutido amplamente na Federação das Farmácias e Drogarias do Brasil e na Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos [CMED] e tem que justificar o porquê de se chegar aos 4,33%, como custos da matéria-prima e logística de fretes”, ressaltou. “Isso é feito de modo a manter o produto no mercado. Mas se deve levar em consideração a diferença de preços entre remédios ‘de marca’ em relação aos genéricos que, em muitos casos, chegam ser de 20% a 30% mais baratos”, destacou.

Para Lima, nestes casos, o médico e o paciente têm que ser parceiros e o profissional de saúde deve prescrever o medicamento ou produto com valores mais em conta.

“Com um produto flexível, o paciente vai ter a opção de poder trocar pelo medicamento genérico ou similar e ter a opção de um preço mais acessível, mantendo a qualidade do medicamento, já que existe a fiscalização muito forte da Anvisa sobre o controle dos genéricos e similares”, informou.   

Ele alerta os consumidores que apesar do aumento estar valendo a partir desta segunda-feira, em Roraima os valores serão majorados só a partir da chegada da Revista ABCFarma, que traz a tabela de preços de todos os medicamentos e os reajustes percentuais de cada um deles. 

“Aqui em Roraima dificilmente se poderá cobrar o aumento já nesta segunda-feira, porque neste dia 1º de abril os laboratórios vão enviar suas tabelas de preços para a ABCFarma para confeccionar a revista que é distribuída no Brasil para que o consumidor tenha ciência do preço que está pagando. Essa revista vai chegar a Boa Vista lá pelo dia 20 e só depois disso é que poderemos cobrar o preço tabelado”, garantiu. “Até lá, vai estar ‘normal’ em mais de 80% dos medicamentos”, afirmou.

Sobre a prática que é costumeira para alguns clientes que fazem uso de medicamentos contínuos e compram todos os meses, de estocar remédios antes dos aumentos previstos, Edmar Lima orientou que ela não deve ser adotada. 

“Não concordo com esse tipo de prática, até pela segurança de guardar medicamentos em casa, que é perigoso, já que outras pessoas podem ter acesso a eles. Além disso, entre o que foi comprado pode haver remédios que estejam próximos do prazo de validade. O prejuízo pode ser maior e esse aumento não vai fazer muita diferença”, considerou.

Outro ponto destacado pelo presidente do Sindfarma é quanto à possibilidade de muitos medicamentos que aumentam agora poderem estar numa lista compreços menores nos próximos meses.

“Sempre nos meses de maio, junho ou agosto, o governo divulga uma lista com alguns itens com preços reduzidos devido à oferta da matéria-prima de alguns medicamentos no mercado. Isso acontece normalmente.”


Aposentados gastam cerca de 50% com medicamentos 


Aposentado Manoel Araújo toma cinco tipos de medicamentos por dia (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)

Chegar à terceira idade e conseguir aposentadoria não está fácil. E a vida se torna ainda mais complicada se tiver que gastar com medicamentos, que é o caso da grande maioria dos aposentados. Alguns chegam a comprometer mais da metade da renda com despesas de farmácia e isso impacta no orçamento familiar. 

É o caso do aposentado Manoel Araújo de Carvalho, 68 anos, que recebe um salário mínimo e todos os meses gasta aproximadamente 40% do que recebe da aposentadoria na compra de cinco tipos de remédios para hipertensão e colesterol.

“Fiz uma cirurgia no coração e tenho que tomar cinco tipos de remédios para controlar a pressão e para o colesterol, e isso impacta na minha renda. Mas não tem como deixar de tomá-los”, disse. “Com esse aumento, as despesas também aumentam e me viro fazendo bicos numa oficina de carros para ajudar no orçamento de casa”, acrescentou. 

Já a aposentada Josefa Calisto vai à farmácia todos os meses para comprar remédios para diabetes, pressão alta, osteoporose e colesterol. São seis tipos de remédios e um gasto que passa dos R$ 500 mensais. 

“Tem uns medicamentos que são baratinhos, dá pra comprar sem reclamar, mas têm outros que são muito caros e lá se vai o dinheiro da aposentadoria. Só sobra um pouco para as outras coisas”, lamentou. “Ainda bem que meus filhos ajudam muito, não passo necessidades e não deixo de tomar meus remédios”, afirmou.

DICAS – A Folha pesquisou dicas para economizar na compra de medicamentos. Dada a alta variedade de fabricantes e redes de farmácia, uma dica do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma) para tentar fugir do aumento é sempre pesquisar as diferentes opções de marcas e vendedores. Essa dica funciona ainda mais com remédios mais populares, produzidos por um número maior de fabricantes.

O sindicato alerta, porém, sobre a ideia de estocar remédios com o objetivo de economia, por exemplo, caso a população queira aproveitar o preço antigo. É preciso observar nestes casos a validade do medicamento, a temperatura e a luminosidade, explica Graciliano Ramos, professor de Farmacologia da Universidade Estadual de Ciência da Saúde de Alagoas (Uncisal).

Se mantiver o medicamento nas condições indicadas, Ramos disse que basta prestar atenção na data de validade, mas nunca desrespeitá-la. 

“Fora, da validade eles perdem os estabilizantes, não mantêm a estrutura clínica, o que os deixa extremamente tóxicos e nocivos.”

No fim das contas, o farmacologista disse não ver muitas vantagens no estoque. “Especialmente, se você tiver crianças ou pacientes em tratamento psiquiátrico em casa. Não sei se vale o custo-benefício”, alertou. (R.R)