Política

Hiran prega maior diálogo entre Poderes

Deputado federal fez avaliação da difícil relação entre governo federal e Câmara dos Deputados e como isso prejudica aprovação de projetos, como a reforma da Previdência

A falta de articulação entre os governos federal, estadual e municipais e os Poderes Legislativo e Judiciário tem dificultado o progresso esperado pela população, acredita o deputado federal Hiran Gonçalves (PP).

Em entrevista ao programa Agenda da Semana na Rádio Folha 100.3 FM, ontem, 31, o parlamentar fez uma avaliação dos primeiros meses do governo do presidente Jair Bolsonaro (PSL) e de sua relação com a Câmara dos Deputados e do Senado Federal, além de uma comparação com a gestão do governador Antonio Denarium (PSL).

Para exemplificar a falta de diálogo entre os Poderes, o deputado citou o projeto de reforma da Previdência. Hiran reforça que o modelo atual de governo é o presidencialismo de coalizão, ou seja, que pressupõe a composição de uma base com maioria sólida de, no mínimo, 308 deputados, para que o governo consiga a aprovação de qualquer projeto em plenário.

“O problema é que o governo escolheu coordenadores, colegas novos, sem muita experiência. Essa harmonia que deve existir não tem funcionando. A nossa reforma da Previdência não tem cem votos”, afirma.

Ainda de acordo com o deputado, usar as redes sociais como forma oficial de comunicação é um perigo. Ele cita a recente declaração de Bolsonaro em relação ao presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), de que o deputado estaria passando por problemas pessoais após a prisão do ex-ministro Moreira Franco, casado com a sogra de Maia.

Para Hiran, a declaração põe em risco a relação entre os dois e significa uma perda para o governo federal, levando em consideração a influência política de Maia e o fato de os partidos de ambos terem similaridades ideológicas, podendo ser considerados aliados, o que facilitaria a aprovação de projetos como o da Previdência.

“Eu diria, com grande chance de acertar, que [a reforma da Previdência] não vai ser aprovada no primeiro semestre. O decreto do visto anunciado nos Estados Unidos, por exemplo, mostra a falta de articulação. Foi preciso um trabalho enorme para que ele não fosse derrubado. Rede social é importante, mas às vezes uma palavra desconstrói todo o trabalho que foi feito”, considerou.

GOVERNO DO ESTADO – Já com relação à gestão de Denarium, o deputado acredita que falta articulação entre o Poder Executivo e os municípios. Hiran, que é coordenador da bancada de Roraima durante este ano, citou que os parlamentares têm atuado para auxiliar os produtores rurais nos municípios com o investimento de recursos.

“Temos um trabalho na área de projetos de assentamento no Bonfim. Lá, temos muitas pessoas que produzem e não têm água. Por isso, criamos uma parceria com a prefeitura e o prefeito já garantiu a licitação de 110 poços artesianos para contemplar as pessoas que atuam na agricultura familiar”, afirma.

Além disso, o deputado afirmou que há um trabalho junto ao município de Rorainópolis para colocar mais cem kits de irrigação na região. 

“O que sentimos é que não há muita articulação entre o Executivo e os municípios”, completou.

Hiran afirma ainda que a expectativa de uma renovação total tem sido prejudicial para a população roraimense, já que o povo se mantém na expectativa de alguma mudança, enquanto os órgãos passam por uma espécie de avaliação para identificar o que está errado.

“O governo está se tornando uma grande ‘auditoria’, parece que tudo está errado. Nacionalmente, é a mesma coisa. Param tudo para se avaliar o que aconteceu. Tem que avaliar o que estava errado, sim, mas com o caminhão andando. Punindo quem errou, mas a coisa não pode parar. Acho que nós precisamos ter uma coordenação melhor”, avaliou.