Cotidiano

Feirantes divergem sobre taxa cobrada para limpeza

Enquanto alguns acham que recursos não são aplicados de forma correta, outros afirmam ter havido melhorias no local

Entre as barracas e mesas de exposição das frutas e verduras na Feira do Produtor, no bairro São Vicente, a cobrança de uma taxa para manutenção do local divide opiniões dos feirantes. Para alguns, a aplicação dos recursos não está sendo feita como deveria, mas, para outros, houve uma melhoria no ambiente.

Semanalmente, os feirantes pagam de R$ 10 a R$ 30, dependendo do espaço e dos produtos vendidos, com o objetivo de melhorar a limpeza mesmo que cada trabalhador também tenha a responsabilidade de cuidar e limpar o espaço que utiliza. Nos banheiros, há também uma cobrança de R$ 0,50 para troca de roupa, R$ 1 para necessidades fisiológicas e R$ 1 para banho.

Um dos comerciantes procurou a Folha para denunciar que o pagamento semanal e a cobrança para uso do banheiro é excessiva. 

“Isso é uma vergonha. Onde coloca esse dinheiro? Nem é iluminado, é tudo sujo. Há pessoas que defecam e urinam perto do restaurante, ninguém consegue mais suportar o mau cheiro. Não acho justo terem que pagar”, reclamou anonimamente.

O feirante Raimundo de Assis afirma que após a cobrança de taxa de todos os trabalhadores o local ficou mais limpo, porém argumenta que o valor deveria incluir o uso dos banheiros. “Cada barraca paga R$ 15. Tá errado isso.

De manutenção não tem nada, o [uso do] banheiro não deveria ser cobrado. Eu acho que tem que ter mesmo uma pessoa para cuidar e limpar, mas se eu for lá cinco vezes, vou ter que pagar todas as vezes”, reclamou.

Em contrapartida, uma feirante que não quis se identificar defendeu a cobrança das taxas, apesar de relatar que em algumas ocasiões não percebe haver uma limpeza como deveria. Ela lembrou que antes era impossível usar os banheiros devido à sujeira, tanto nos vasos sanitários, quanto no chão e paredes.

“Tinha até absorvente jogado por lá. A única coisa que eu achei errado é que agora cobram para trocar de roupa. Eu acho absurdo porque não usei água e detergente. Eu pago R$ 10 todas as sextas-feiras porque minha mesa tem só dois metros. Mas para mim, compensa, porque é pouco e todo lugar com muita gente, acaba sujando”, relatou.

Outra feirante que também não quis revelar a identidade citou que a sujeira era visível e que agora, mesmo com o valor cobrado para utilizar o banheiro, a aplicação da taxa garante uma melhoria na feira. “Não é possível que a pessoa não tenha R$ 0,50 para ir ao banheiro”, destacou.

Regimento de feiras determina cobrança de taxa para manutenção, mas não cita valores

O administrador da Feira do Produtor, Nadson Barbosa, lembrou que em 2017 foi implantado o Regimento Interno da Feira do Produtor e da Feira Livre do Passarão por meio da Portaria nº 466/17, publicadano Diário Oficial do Estado em 21 de julho daquele ano. De acordo com ele, a cada ano é feita uma eleição para compor o Conselho Administrativo para tratar da manutenção e operação do local.

Ele enfatizou que a decisão de cobrar taxas foi feita em conjunto e teve a concordância dos feirantes. Após esse acordo, a limpeza nos banheiros deixou de ser quatro vezes por dia e passou a ser em tempo integral. 

“Quando eram 18h, não podíamos fechar o banheiro porque tinha feirante aqui. Às 20h, eu ia lá e tinha absorvente no chão, fezes fora do vaso, placas quebradas. No começo, uns acharam ruim, mas depois falaram ‘agora eu entro no banheiro porque está limpo’”, disse.

PORTARIA – No regimento, há uma série de atribuições para o funcionamento, limpeza e administração das duas feiras populares. O Conselho Administrativo é composto por cinco pessoas com atribuições específicas para controle dos locais. 

“Tomar conhecimento de todos os problemas internos da feira, discutir alternativas de solução e adotar medidas que se fizerem necessárias” está listado no regimento.

Os feirantes também possuem deveres determinados, sendo o zelo pela conservação das feiras, mantendo-as sempre limpas e higienizadas. Há o ponto de “pagamento das taxas de conservação e manutenção regularmente”, mas não há citações sobre o valor cobrado para cada um. Caso não sejam cumpridas as determinações, os produtores podem sofrer penalidades, como advertência, multa, suspensão das atividades e até revogação ou cassação da permissão. (A.P.L)