Cotidiano

Nível de Rio baixa 2 cm por dia, mas Caerr descarta racionar

Sistema de abastecimento de água em Boa Vista é feito pela captação do Rio Branco e mais 55 poços artesianos distribuídos pela cidade, com capacidade de 400 litros por segundo cada um


Em meio à forte estiagem, o nível do Rio Branco continua caindo diariamente. A Companhia de Águas e Esgotos de Roraima (Caerr) registrou -0,27 metros nessa quarta-feira, 3. Mesmo com uma queda de aproximadamente dois centímetros por dia, é descartada a possibilidade de desabastecimento no Estado.

Conforme o presidente da empresa, James Serrador, o sistema de abastecimento de água em Boa Vista é feito pela captação do Rio Branco e mais 55 poços artesianos distribuídos pela cidade, com capacidade de 400 litros por segundo cada um. Atualmente, os poços estão com o nível reduzido em 30% da produção, o que resulta em menos 20 mil litros de água por hora no sistema. 

“Em uma comparação, se fosse uma reserva, já estaríamos utilizando o volume morto. Mas, além da captação submersa, temos a flutuante, que pode responder por 60% da produção do sistema. Então, realmente, não temos risco de racionamento”, explicou. Serrador completou informando que, além da diminuição do nível de água, houve um aumento de 30% no uso dos consumidores.

A falta de conscientização por parte da população também é um dos fatores que preocupa a companhia, justamente porque o uso abundante do recurso reflete no abastecimento de bairros mais distantes. 

“Um pequeno vazamento já provoca um desperdício de água muito grande, então as pessoas continuam aguando plantas do mesmo modo, lavando carro e calçadas. A Caerr, em alguns locais, não tem água bruta para produzir água potável”, lamentou.

Com o fenômeno El Niño, a previsão climática é que as chuvas não sejam tão intensas como o esperado, podendo ocorrer somente a partir de 16 de abril ou no mês seguinte. Em 2017, no mesmo período, o nível do Rio Branco chegou a 2,40 metros. Em 2018, o registro foi de -0,18 metros. 

“Temos um plano de contingência se houver necessidade de racionamento, mas isso não é uma opção até agora porque temos o sistema flutuante com bombas de captação instaladas que conseguem captar mesmo na superfície. Porém, temos feito várias manobras mesmo com essa estiagem e falta de investimento da companhia nas últimas gestões”, prosseguiu.

Serrador apontou que um dos erros nos anos anteriores foi não ter acompanhado o crescimento da cidade e não ter feito planos para que a rede de esgoto chegasse aos bairros mais distantes do Centro. Além dos problemas de estrutura, a instabilidade energética prejudica o funcionamento dos poços, que param quando há uma queda. Em alguns casos, as bombas até queimam.

CONSCIENTIZAÇÃO – Mesmo descartando a possibilidade de racionamento, James Serrador alerta que a população precisa ter mais consciência sobre o uso da água, principalmente no período de estiagem, e assim evitar que ocorra o desabastecimento. “As pessoas precisam entender que a água é um bem finito”, completou.

BAIRROS CRÍTICOS  – Os bairros Professor Araceli Souto Maior e São Bento estão sendo considerados pontos críticos pela falta de água. A Caerr assinou um contrato para perfuração de um poço no Araceli, porém, foi identificada uma área institucional da Prefeitura de Boa Vista e a empresa aguada retorno do município para prosseguir com os trabalhos.

As localidades são consideradas invasões, que somam mais de 1.200 famílias que fizeram ligações clandestinas na rede, o que retira a água do sistema nos bairros. 

“Para tentar minimizar a questão, estamos contratando um caminhão-pipa pela manhã e à tarde, até que se cave um poço para levar água às ruas Ereu, Apiaú, Tacutu, Uailan, no bairro Araceli”, garantiu Serrador.

Ele revelou que está tendo falta de pressão nos bairros Jardim Tropical e Senador Hélio Campos em razão da falta de manutenção na rede de distribuição nessas localidades. 

“Na próxima semana, já chegam essas peças para melhorara vazão no Pintolândia, que vai aumentar em até seis litros por segundo”, encerrou.