Cotidiano

Moradores têm prejuízos e temem ficar isolados no Uiramutã

A viagem por terra até Uiramutã, partindo de Boa Vista, pode durar de seis a sete horas, em média, por causa das condições da estrada. O município fica 329 quilômetros distante da capital e tem 128 comunidades indígenas. Todas dependem das pontes de madeira para escoar a produção, no entanto, grande parte destas estruturas está em situação precária.

O caminhoneiro João Domingos conta que já teve prejuízos financeiros devido à falta de trafegabilidade da rodovia. 

“Em quase toda viagem, estoura um pneu. Já precisei deixar o caminhão parado na pista e ir a Boa Vista, de carona, comprar um novo.” 

Segundo Jorlindo Batista, tuxaua da Comunidade Indígena do Pavão, algumas pontes estão deterioradas ou precisando de reforma. Ele afirma que há muito tempo a população pede providências. 

“As pontes estão se acabando. Onde foi parar o dinheiro que deveria ser usado para resolver esse problema?”, questiona.

A proximidade do inverno, teoricamente compreendido entre abril e setembro, aumenta a preocupação dos moradores. Em 2016 e 2017 (o período chuvoso em 2018 foi considerado ameno), a localidade ficou totalmente isolada após a interdição de pontes que dão acesso a todas as comunidades, inclusive à sede do município. 

As demandas foram encaminhadas ao programa Fiscaliza Roraima, da Assembleia Legislativa. Após solicitação da deputada Ione Pedroso (SD), uma equipe de técnicos esteve no município de Uiramutã no fim de semana para mapear as pontes de madeira e os 90 quilômetros de extensão da estrada que não têm pavimentação. 

“Identificamos 24 pontes. Algumas estão destruídas. Sobre a estrada, que é de piçarra, em muitos trechos a trafegabilidade está ruim”, informou a coordenadora do Fiscaliza Roraima, Aldalene Dantas.

As informações apuradas serão detalhadas em relatório, que deverá ficar pronto em até cinco dias. O documento, que contém fotos e depoimentos de moradores, será entregue à Superintendência Geral da Assembleia Legislativa e posteriormente encaminhado às comissões permanentes. 

“Com o relatório em mãos, os deputados poderão formular indicações ao governo do Estado solicitando medidas que solucionem os problemas”, explicou Aldalene.

FISCALIZA RORAIMA – O programa Fiscaliza Roraima é uma iniciativa da Superintendência de Fiscalização da Assembleia Legislativa cuja finalidade é receber demandas da população sobre a qualidade dos serviços oferecidos pelo governo do Estado e prefeituras. A sede do programa fica na Rua Agnelo Bittencourt, nº 432, no Centro de Boa Vista, e funciona de segunda a sexta-feira, em horário comercial. As denúncias também podem ser enviadas pelo telefone 4009-4835 e pelo número de Whatsapp 98402-1735.