Em 1932, há 87 anos, o voto feminino foi conquistado em território brasileiro. Com o avanço e participação no cenário político, elas também procuraram estar ativamente na representação popular. Atualmente, as mulheres são a maioria no número de eleitores, com 77 milhões de votantes, um total de 52,5% do eleitorado.
Nas bancadas, o número de ocupação teve aumento quando comparado às Eleições Gerais de 2014, 190 eleitas para 290 mulheres escolhidas no pleito recente, ou seja, 52,6% a mais, segundo o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Roraima também teve marco histórico e se consagrou com o maior número de mulheres ocupando cargos na Assembleia Legislativa. Após a posse da deputada Ângela Águida Portella (PP) no dia 2 deste mês, são sete as mulheres na Casa, 29% dos 24 deputados estaduais.
O Estado é o segundo da Região Norte a ter o maior número de mulheres eleitas nas Assembleias Legislativas, ficando atrás do Amapá, que tem 33% ocupando oito das 24 cadeiras. Em terceiro, o Pará compõe 24% de representação feminina dos 41 eleitos, Tocantins vem com 20% dos 24. Amazonas e Acre têm 16% de mulheres e Rondônia teve o menor número, com apenas 8%. Estes três últimos têm 24 deputados.
Deputadas estaduais opinam sobre composição feminina histórica na ALE
ÂNGELA ÁGUIDA PORTELLA (PP) – Ao se ter “um novo momento” sobre a valorização da mulher na política, possibilita que haja representação nos espaços de poder e decisão. Ângela justificou que trabalha com o empoderamento feminino através de projetos que incentivam a autonomia financeira, melhoria da autoestima e proatividade.
“As mulheres precisam ter acesso pleno à saúde e educação. As que moram na capital ainda têm acesso mediano, mas no interior e comunidades ribeirinhas, elas passam uma vida sem saber o que são exames preventivos. É uma coisa que precisamos melhorar muito e que a educação tenha esse alcance”, relatou, acrescentando que o cenário na ALE é um exemplo e para reflexão.
BETÂNIA MEDEIROS (PV) – Ela classificou a composição atual como “ampla e diversificada” pela variedade de bandeiras levantadas pelas mulheres eleitas. Com isso, o desejo é que a bancada atue de forma integrada, voltada ao bem-estar da população e que a diversidade seja uma contribuição para todos.
“Hoje vivemos no Estado mais violento do Brasil, especialmente contra a mulher. Infelizmente, as ações ainda não são suficientes. A violência contra a mulher não tem hora, precisamos de um atendimento 24 horas todos os dias da semana”, relatou, criticando que nos três primeiros meses de governo nada foi posto em prática e que Roraima tem problemas graves nas áreas de educação, saúde e segurança pública.
CATARINA GUERRA (SD) – Ao relatar que as mulheres têm jeitos diferentes para lidar com as coisas, a deputada incentiva a participação política feminina. Ela enfatizou que é preciso estar mais presente e ouvir mais sobre as demandas da população roraimense. Catarina destacou que tem visto muitas dificuldades nas áreas de segurança, saúde e educação e relembra que foi escolhida para ações em prol de Roraima.
“Precisamos ter o cuidado com a violência que temos vivido, com assédios e feminicídios. Estamos acompanhando a Casa da Mulher Brasileira que unifica o atendimento. Ainda está com um pouco de dificuldade aqui, mas espero que logo esteja funcionando. Foi confiada uma responsabilidade que vamos retribuir e que avancem junto com a gente, todos serão beneficiados”, respondeu.
IONE PEDROSO (SD) – A participação maior das mulheres na política é uma das lutas defendidas. Para ela, ainda há muita desigualdade mesmo com a inserção em setores produtivos e políticos de Roraima, e que é preciso um olhar mais atento à saúde, educação e acesso ao mercado de trabalho.
Ela ressaltou que a violência contra a mulher é uma realidade “triste e que precisa ser mudada” com conscientização. Sobre os problemas do Estado, Ione assegurou que a independência econômica é o sonho dos roraimenses. “Precisamos resolver entraves, como a instabilidade energética, regularização fundiária e ambiental. Investir na agroindústria para gerar mais empregos. A saúde é outro grande desafio que precisa de uma gestão mais eficiente e de apoio federal”, garantiu.
LENIR RODRIGUES (PPS) – A parlamentar tem visto com “alegria” a composição atual da ALE. Ela espera que os trabalhos futuros tenham um rosto feminino e que possam ter mais eventos voltados para as pautas de mulheres, afirmando que algumas ações já estão sendo feitas sobre a temática. Lenir destaca que precisa enfrentar problemas de gestão com melhorias na Delegacia da Mulher com uma equipe multidisciplinar e regime de plantão.
“Queremos que cada município tenha o conselho de mulheres e com as sete deputadas é mais um passo para derrubarmos o pensamento de que mulheres não se interessam por política. Estamos trabalhando para que participem mais desse debate. Temos também um núcleo para mulheres indígenas como meio de realização de políticas públicas”, completou.
TAYLA PERES (PRTB) – Mencionando a “sensibilidade feminina”, a deputada frisou que a legislatura será de grandes conquistas para a sociedade. Ela assegurou que a intenção é atender às necessidades de todos os roraimenses. No que diz respeito às mulheres, quer promover maiores oportunidades no mercado de trabalho.
Do cenário atual no Estado, Tayla aponta a necessidade de superação da crise financeira. “A solução dessa pauta imediata e urgente terá como consequência a melhoria dos serviços públicos. Rogo a Deus por dias melhores e certamente a figura feminina vai ajudar muito”, pontuou.
AURELINA MEDEIROS (PODE) – A Folha entrou em contato com a assessoria da deputada, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.