Polícia

Em menos de 70 dias, 32 pessoas foram assassinadas em Roraima

Pelo menos oito casos de assassinatos, em menos de três meses, apresentavam sinais de execução

O número de assassinatos ocorridos em Roraima tem preocupado cada vez mais autoridades em segurança e a sociedade em geral. Conforme levantamento realizado pela Folha, o Estado registrou 32 mortes nos 68 primeiros dias do ano. Só no período de sexta-feira passada a domingo, foram mais cinco mortes, das quais duas delas apresentando vestígios de execução, totalizando oito casos semelhantes somente este ano.
No final de janeiro deste ano, a Folha produziu matéria abordando o assunto. Naquele período, foram confirmadas 12 mortes em todo o Estado, das quais três com características de execução, pois as vítimas foram encontradas com as mãos amarradas, o que pode significar que elas tenham sido torturadas antes de morrer. Do dia 24 de janeiro até o último domingo, dia 08, foram 20 casos brutais de assassinato, dos quais três apresentando os mesmos vestígios dos casos ocorridos no primeiro mês do ano.
Em entrevista coletiva realizada na tarde de ontem, a titular da Delegacia-Geral de Homicídios (DGH), delegada Mirian Di Manso, confirmou a abertura de 28 inquéritos policiais. Segundo ela, parte desses já se encontra em fase final de conclusão.
“A Delegacia-Geral de Homicídios trabalha efetivamente em casos de homicídios consumados ou tentativas de morte. Então esses 28 inquéritos já instaurados são de vítimas que efetivamente vieram a óbito e algumas que sobreviveram. Nós temos um efetivo considerado bom, mas em razão dos últimos casos, já pleiteamos junto à chefia a ampliação do quadro de agentes de polícia. A mesma já acenou de forma positiva. Acreditamos que, no mais tardar, nós teremos a inclusão de novos agentes”, disse.
“Com relação aos cinco últimos homicídios, três que ocorreram na sexta-feira, um no sábado e outro no domingo, todas as diligências iniciais já foram concluídas. Nós aguardamos agora a conclusão do IML [Instituto Médico Legal] e do Instituto de Identificação Criminalista. Os laudos precisam de um tempo. Em razão da quantidade de informações e da impotência dessas informações, é natural que leve tempo para serem concluídos”, complementou.
Questionada sobre o temor da população e das próprias autoridades sobre o crescimento dos casos de mortes por execução e até mesmo pela forma brutal dos crimes, a delegada destacou o desempenho da instituição na elucidação dos casos.
“De fato, os últimos dias registraram um forte aumento no número de homicídios, mas nós não podemos afirmar se esse número irá se manter. Pode ser que, nos próximos meses, esse número se reduza. Mas, até então, não é uma preocupação para a DGH, porque onde há o crime, a delegacia vem atuando desde o primeiro momento. A nossa preocupação é conseguir cumprir todas as diligências e apurar as autorias, uma vez que  a gente consiga fazer o nosso trabalho em concluir os casos”, frisou Di Manso.     Em relação aos dois cadáveres achados na semana passada, a delegada não tem dúvidas de que se tratam de casos de acerto de contas. Segundo ela, há indícios claros de que ambos estariam envolvidos com o tráfico de drogas. “Nesses dois casos recentes, nós podemos afirmar que foram praticados pelos mesmos infratores, inclusive deixando bem claro nas cenas do crime a ligação de ambas as vítimas, ou seja, nós temos a identificação desses autores e dentre em breve eles serão identificados, e nós encaminharemos à Justiça o pedido formal da prisão”.
“O ‘modus operandi’ são idênticos. Foram disparos de arma de fogo no peito e na nuca das vítimas. Nós não temos dúvida de que se trata de homicídios ligados ao tráfico de drogas, pois eram usuários de entorpecentes que provavelmente deviam a esses mandatários. Essas mortes são uma forma de acerto de contas e, ao mesmo tempo, uma forma de mostrar o poder de crueldade sob aqueles que devem”, destacou.
DISQUE DENÚNCIA – A Polícia Civil ressalta ainda, que a população é um importante parceiro para a elucidação desses tipos de ocorrência. Qualquer tipo de movimentação suspeita, seja de indivíduos ou grupos, o denunciante pode entrar em contato pelo Disque Denúncia 181. A ligação é gratuita e a pessoa não precisa se identificar. (M.L)